"O 25 de Abril em Carregal do Sal
Decorreu hoje, na
Câmara Municipal de Carregal do Sal, uma sessão solene de comemoração do 25 de Abril.
Foi bom que a Câmara Municipal comemorasse esta data com um conjunto de actividades (
ver programa noutro local do Beijós XXI) que, de alguma forma honraram esta data em que se quebraram algemas, não só as dos carcereiros, mas especialmente muitas das “algemas” que manietavam as mentes, a instrução, o desenvolvimento.
Trinta e dois anos depois não sei quem poderá dizer que não valeu a pena...
Gostava, porém, de chamar a atenção para dois aspectos:
O primeiro, positivo. O segundo, não tanto.
O aspecto positivo refere-se à inauguração do Circuito Arqueológico da Cova da Moira.
Como fora apresentado pelo Arqueólogo Evaristo Pinto, trata-se de um circuito de 12 Kms que pode ser iniciado em Albergaria, passando por Vila da Cal e Casal da Torre, podendo ser percorrido de carro (atenção: os carros não podem nem devem sair do caminho público) e que dá para apreciar um conjunto interessantíssimo de arte rupestre (sepulturas no granito, inscrições diversas, marcos miliários, etc. com milhares de anos).
É um óptimo circuito para fazer a pé, sempre em caminho chão, quase plano. (ver publicação recente sobre este circuito).
Verdadeiramente a não perder!
Parabéns à Câmara, ao Museu Municipal e a todos os que se empenharam para que possamos apreciar e ajudar a preservar (assim o esperamos) este valioso património público.
Outro aspecto, menos positivo, tem a ver com alguns discursos feitos na sessão solene:
Não é verdade (ao contrário do que foi dito) que a Câmara sempre tenha comemorado o 25 de Abril.
Alguns anos houve em que era o inçar da bandeira, com a presença da fanfarra dos Bombeiros e pouco mais. Era um comemorar mais “faz de conta” do que outra coisa.
Mas apesar de uma certa “adesão” actual ao 25 de Abril, ainda se deixam de fora pessoas e obras que ficavam bem num dia como este.
Um exemplo:
Hermínio da Cunha Marques publicou, no jornal “Defesa da Beira” de 21/4 um excelente soneto que ficava bem ser dito numa sessão solene como a que decorreu e que aqui transcrevo, com a devida vénia:
“Vinte e cinco de Abril – Trinta e dois anos depois
Hoje é dia que evoca com ternura
A data que nos deu a dignidade
De seguir rumo novo em liberdade,
Já sem medo da longa noite escura!...
Em nosso povo tal chama perdura,
E o País mudou muito, isso é verdade,
Mas a luz já não tem a claridade
Dos bravos capitães posta em moldura!...
E os anos ofuscando esse farol
Que tinha o brilho intenso como o sol
Que em tal dia raiou, primaveril,
Geraram Feudos só para os Delfins
E os há que são depois como os Jardins
Sem húmus para ter CRAVOS D’ABRIL!...
Abril de 2006”
Um abraço ao grande carregalense Hermínio da Cunha Marques."
Texto enviado por:
Dr. António Abrantes