A grande celebração da implantação da República em Beijós logo em Outubro 1910 sugere que esta pequena aldeia rural estava especialmente atenta aos movimentos nacionais urbanos.
Este republicanismo rural terá sido por acaso?
Ou talvez tenha a ver com a influência do Abade Pais Pinto, um beirão que foi um dos “Prezos civis a bordo do Vapor Moçambique julgados pelo 1ª Conselho de Guerra” depois da revolução falhada de 31 de Janeiro de 1891, e que veio a ser pároco em Cabanas. http://www.republica.pt/jornal7_ficheiros/jaseabra7.htm
O golpe de 1891 fracassou, apesar de animado pela música de “A Portuguesa”, a marcha proibida que tinha sido composta por Alfredo Keil em 1890 aquando do Ultimato Inglês. A “República” foi proclamada da varanda da Câmara do Porto a 31 de Janeiro de 1891 mas durou só uma manhã.
VER http://barnabe.weblog.com.pt/arquivo/2005/01/
“…a fotografia dos combatentes civis do 31 de Janeiro, condenados ou absolvidos. Entre eles, João Chagas (terceiro da fileira da frente a contar da esquerda), o abade Pais Pinto (quinto da terceira fileira), Aurélio da Paz dos Reis (sétimo da segunda fileira), Homem Cristo (na última fileira, de chapéu) (foto retirada do catálogo Manual do Cidadão Aurélio da Paz dos Reis, Centro Português de Fotografia, 1998).”
Como padre e abade, o Abade Pais Pinto seria provavelmente a excepção no movimento republicano que tinha algo de anti-clerical, uma figura que gostaria de conhecer melhor.
Quem era e que princípios defendia?
Quando é que a rua principal de Beijós lhe foi dedicada?
Ele teria casa em Beijós e quem é a sua família?
O Abade Pais Pinto conheceria o compositor Alfredo Keil que ainda hoje tem descendentes em Canas de Senhorim? VER http://antoniopovinho.blogspot.com/2005/10/hino-nacional-de-portugal-portuguesa.html
Hoje, no dia 25 de Abril que comemora a revolução de 1974, recordamos também a revolução de 1910 e o movimento revolucionário de 1891. Parece que Portugal necessitou de revoluções frequentes e repetidas para conquistar a liberdade e a democracia, talvez por falta de uma elite esclarecida e progressiva capaz de acompanhar em vez de resistir à mudança gradual.
Disse John F. Kennedy , falando da massacrada América Latina, que “Aqueles que tornam a revolução pacifica impossível, tornam a revolução violenta inevitável”
“Those who make peaceful revolution impossible will make violent revolution inevitable”. John F Kennedy — US president, March 13, 1962, VER http://www.libertarianquotes.com/quotes1.html
Mas as revoluções, mesmo as não-violentas, custam caro. A “cultura da rotura” que se vê muito em Portugal, tem custos enormes, em termos sociais, políticos e sobretudo económicos. Os golpes políticos, revoluções e retrocessos geralmente causam graves contracções e interrupções do investimento e do crescimento económico que levam anos a recuperar.
Hoje, a 25 de Abril de 2007, no dia da Liberdade, vamos fazer votos e trabalhar para que Portugal consiga progredir e evoluir de uma forma gradual, consensual e consolidada e que não seja necessário voltar a fazer outra revolução radical no futuro.
VER http://antoniopovinho.blogspot.com/2007/04/25-de-abril.html
Adenda colocada por beijokense em 2-5-2007:
O Abade Pais Pinto nunca residiu em Beijós, nem consta que tenha tido qualquer relação familiar com beijosenses. Também não é certo que tenha sido benemérito de Beijós.
P.f. leia os comentários dos leitores.
Continua em http://beijozxxi.blogspot.com