Beijosenses cismáticos
As revoluções implicam sempre uma certa dose de ódio contra os vencidos. No pós-1974, o ódio expressou-se mais no plano simbólico e ideológico, embora alguns "fascistas" tenham acabado por sofrer uns danos colaterais. No pós-1910 houve mortos e desterrados no desporto da caça ao padre, mas viria a derramar-se muito mais sangue em futuros golpes e contra-golpes. No pós-1834 o caso foi muito mais sério. A Guerra Civil foi longa e envolveu todo o território nacional, urbano e rural, abrindo feridas difíceis de sarar. A resistência popular ao Liberalismo manteve-se por vários anos e as lutas políticas misturaram-se com rivalidades locais que tornaram o homicídio uma prática rotineira.
O texto abaixo, publicado pelo jornal O Ecco em Agosto de 1839, retrata o cisma que se vivia na Diocese de Viseu, onde muitas populações não aceitaram de bom grado as substituições na hierarquia eclesiástica decorrentes da derrota dos Miguelistas (Realistas, no texto) na Guerra Civil. São referidos vários beijosense "cismáticos" que já foram nomeados na série de posts sobre "Docs. Antigos". Na transcrição, os seus nomes contêm ligações para os respectivos documentos. Além dos padres e famílias, são referidos quatro cidadãos - todos são meus antepassados.
«Em Beijóz é onde tem sido mais violenta a perseguição, e são bem conhecidos os motores desta perseguição; um delles tem perseguido varios Realistas com indemnisações, e é quem indica os Padres, que devem ser mortos para acabar o scisma; outro é uma mulher! que ja conta 4 assassinios, e um delles o do seu proprio marido a que deu causa. Quanto melhor fora que a perseguição se voltasse contra semelhantes monstros, flagellos da sociedade! Entre as pessoas alcunhadas de scismaticas contão-se o Vigario colado Simão Joze Pereira do Amaral, porque no Domingo de Paschoa não recebeu a visita do Parocho encomendado; o Padre Luiz Coelho por não botar sobrepelliz, e ir só á missa do Vigario; o Padre Bernardo Paes pelo mesmo motivo, e por ter dous irmãos Missionarios; o pai e familia do Padre Luiz por irem só à missa do Vigario; a familia do Padre Bernardo pelo mesmo motivo; Diogo Coelho e sua familia; Antonio Coelho do Amaral; e Antonio Coelho d'Abrantes, que é accusado de se receber 2.ª vez com sua mulher; e Antonio do Sobral accusado de levar sua familia á absolvição do Vigario. Em geral toda a freguesia de Beijóz é capitulada de scismatica, e ali tem mandado por vezes tropa, que faz toda a qualidade de vexames e desordem, sendo aliás todos os seus habitantes gente pacifica e laboriosa, porem os seu inimigos, entre os quaes se contam dous sacerdotes! não cessão de aterra-la».
8 Beijos:
gostava de saber quem foi DIOGO COELHO. Quem me pode ajudar? Quando nasceu, quando morreu? quen são seus descendentes?
Não tenho a data de nascimento, apenas sei que faleceu em 1879. Era filho de Felisberto Coelho de Moura e de Jacinta Coelho de Abrantes (era, portanto, cunhado do António Coelho de Abrantes que é referido n'O Ecco).
Casou com Mª José d'Alegria, irmã do Arcipreste. Tiveram, pelo menos, 10 filhos, por isso podes imaginar que a descendência é demasiado vasta para enumerar aqui.
Beijosenses "cismáticos"!
Afinal há problemas com os Beijosenses que já vêm de há longa data...eheheheh
Mas parece-me que, agora, além de muitos cismáticos, quase todos são pessimistas... eheheh
Se alguém tem uma ideia boa... outros logo a desfazem... eheheheh
Enfim...
Nascemos nesta Aldeia e o tempo pouco tem ajudado a melhorar as mentalidades...
Ainda hoje há padres que gostavam de ser como os de outrora. Os tempos mudaram.
Agradeço as informações sobre Diogo Coelho. Ele era Coelho de Moura. Filhos e netos mantiveram o nome Coelho de Moura? Há descendentes em Beijós?
:)
Lendo o texto, fica-se a saber que pelo menos eu sou seu descendente!
Por outro lado, o seu nome está numa cor que indica que tem uma ligação para outro post. Eu digo no texto que os nomes dos "perseguidos" ligam para posts de docs antigos onde essas pessoas são referidas. Logo, clicando no nome "Diogo Coelho", vai-se parar a um post com um documento escrito pelo dito cujo em 1865. O dito post terminava precisamente com a pergunta «Quem era Diogo Coelho de Moura?» e os comentários respondem satisfatoriamente.
Se, depois de ler esses comentários, ainda restarem dúvidas, eu posso esclarecer :) Nomeadamente, o anónimo pode indicar um qualquer beijosense e eu digo-lhe se é descendente.
P.S. Agora faço eu uma pergunta (estúpida, com certeza): alguém seguiu os sete links que coloquei no post???
obrigada
ja estou mais informada
mas tambem baralhada
gostava de estudar a família Coelho de Moura
sabe quem me pode ajudar?
começando em Diogo Coelho de Moura fazer a arvore genealógica?
Eu ajudo!
beijokense@gmail.com
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