Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Beijós é um oásis

Pelo menos era, em 1758...


A vantagem de ter várias ribeiras é que, estando na margem Sul de uma, está-se na margem Norte de outra, logo, já não há espaço para camelos.

Vejamos o que escrevia o pároco de Beijós em 1758:
«Está situado o dito lugar de Beijós em hum valle entre hum Ribeiro q fica daparte de Sul q principya distancia de hum quarto de legoa em hum regatinho d'agoa doqual uzão os moradores pª regarem os frutos, emprezandoa no Verão, por não ser perene, chamace o Ribeiro da Azenha; aoutra Ribeira da parte do Norte q não tem nome, e principya por cima dos Moinhos de Travaços entre Carvalhal eAlgiraz, q hé distancia dehuma legoa deste lugar, ahonde tem uma ponte de pedra de cantaria, epela parte de sima della hum Lagar deAzeite, ehuns Moinhos, eoutros Moinhos pela parte debayxo; tem mais outra ribeira pª amesma parte doNorte pouco afastada daquella, q tão bem não tem nome, eprincipya junto aMangoalde distancia de tres legoas deste lugar ahonde tem tão bem sua ponte de pedra de cantaria edois Lagares deAzeite ehuns Moinhos, eambas estas ribeiras deixão de correr no Verão, mas sempre fertelizão as terras com as suas agoas que os moradores costumão emprezar (...); estas duas ribeiras seajuntam com o dito Ribeiro da Azenha logo por bayxo deste lugar e todos tres entrão no Rio Dam junto a Ferreiróz q fica daqui distancia de huma legoa, tendo nesta distancia mays outro Lagar de Azeite evarios Moinhos.»

Como se vê, quase nada mudou nos 200 anos que se seguiram a este relatório. Já nos últimos 50, o Ministério das Obras nos Oásis alargou-nos as pontes de cantaria, arranjámos nomes às ribeiras, perdemos o Lagar de Azeite que restava e estamos em risco de perder quase todos os moinhos.

8 Beijos:

Anónimo disse...

obrigado:::::::::
com este post consegui compreender porque é que uma boa parte vai para fora
é por falta de espaço ok muito obrigado

Anónimo disse...

mesmo sem espaço ainda ca á muito camelo ..

Anónimo disse...

cada um fala por si!....

Anónimo disse...

Gostei!:)

Uma descrição arcaica, mas situa, bem, no espaço,Beijós e relata alguns dos costumes das suas gentes, tudo olhando às ribeiras/os que fertilizam os campos da nossa Aldeia!

"É bom falar de Aldeia tão linda...."
Já há duzentos anos era linda ou talvez ainda mais linda do que hoje, porque a água movia tudo!

Vejamos que além de mover ou fazer crescer as culturas nos campos que, estou convicto, então, eram totalmente aproveitados, em condições bem mais precárias do que hoje.
Atentemos que, naquela altura, não havia fertilizantes, era tudo à base de estrumes do gado, por isso teriam cultivar mais terrenos, para ter menos resultado.
Não havia motores de rega, era tudo a pulso dos beijosenses.
Enfim!
Hoje, é paraíso, mas com outros inconvenientes, fruto das evoluções e revoluções industriais.

Dizia eu que a água movia tudo, pelo que continuando com o meu raciocínio, Beijós tinha moinhos a funcionar por todo o lado, com a água das ribeiras.
Na margem esquerda da Ribeira do povo tínhamos um lagar de azeite, também hidráulico!

Em conclusão: Beijós ocupou e ocupa o espaço do paraíso terrestre.

"...Seus camponeses, com vontade de vencer,
Não regateiam o esforço do lavrar,
Muito orgulhosos, defendem o seu Prazer,
De manter Beijós do concelho o Pomar.
...."
Parabéns pelo Post!:)))

AMSantos disse...

Um povo sem conhecimento do seu passado, tem mais dificuldades em compreender o presente e vislumbrar o futuro.
Este Post, mais uma vez, veio iluminar mais um pouco o nosso passado, estamos a ir mais longe.
A riqueza de um povo sempre foi e será proporcional ao seu conhecimento.

Micas10 disse...

As ribeiras definiam a povoação já nesse tempo.
A grafia do nome era mesmo Beijós, com s e acento há 250 anos ?

beijokense disse...

A grafia era ao sabor da maré :)
Neste doc. era mesmo assim, está reproduzido na 1ª linha do texto na imagem.

Anónimo disse...

Se quem escreveu isto podesse ver Beijós hoje, diria que não era o mesmo sitio.
Acabou o Lagar de Azeite, os moinhos já não moem e se não houver ninguem que tome providências até as paredes deixarão de existir.
É realmente uma machadada na história da nossa aldeia.
Não é uma pena????

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