Filhos da terra

A Câmara Municipal de Carregal do Sal apoia um apelo aos munícipes para votar no "Grande Português do mundo, de Portugal e do nosso concelho". O mesmo faz o Beijós XXI - OK, sabemos que Aristides não é filho da terra, falhou por escassos quilómetros, mas é filho, neto, marido e pai de beijosenses, herdou terras em Beijós, por isso tinha mais ligações à terra do que alguns que cá nasceram :)

A Câmara de Santa Comba não apela ao voto no "Grande Português" do Vimieiro, mas, como tem sido amplamente noticiado aqui no blogue, propõe-se abrir um museu e um centro de estudos, aproveitando a casa onde nasceu e viveu a infância e, enquanto chefe máximo do Estado Novo, o ditador passava férias e fins-de-semana.
[a este propósito, coloquei aqui a resolução da CMSCD para requerer a exproprieção (sic) dos 2/3 dos imóveis de Salazar que não são propriedade da Câmara - esta resolução apresenta a maioria da argumentação a favor da "Casa – Museu, centro Documental e de Estudos e Parque Temático"]

Já a Câmara de Guimarães apela directa e efusivamente ao voto no pai de Portugal, "um homem sem medo, nado em Guimarães". Aos vimaranenses já não lhes chega a ideia de serem "berço de Portugal", também tinham de ser berço do pai, mas têm agora uma ligeira inquietação...
Em 1990, uma ADL de Guimarães encomendou a Almeida Fernandes, o historiador que tem a tese mais sólida sobre a origem toponímica de Beijós, uma investigação sobre o nascimento de D. Afonso Henriques. Os resultados acabariam publicados numa pequena edição de 500 ex. do Governo Civil de... Viseu - isso mesmo, com o título Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques. Depois disso, alguns historiadores especializados naquela época vieram sustentar a tese de Almeida Fernandes e a Fundação Dona Mariana Seixas (Ranhados) acaba de reeditar o livro.
Fernando Ruas disse à Lusa que lhe «agradaria, e de que maneira!», que os historiadores viessem a confirmar consensualmente Viseu como o berço de Afonso I. Não sei se já fez algum apelo ao voto, já não deve ter muito tempo (o site da RTP não tem data de fecho das urnas!), mas, sabendo-se que Viriato não era português e que é pouco provável que alguma vez tenha estado em Viseu (talvez em Cabanas...), está encontrado o verdadeiro herói filho da terra. Querem ver os viseenses a correr ao voto em Afonso Henriques?