Bebida ou remédio?
«O potencial terapêutico do vinho tinto foi, este domingo, anunciado por uma equipa de cientistas da universidade escocesa de Glasgow, que afirma ter descoberto um anti-oxidante presente neste vinho que previne infecções.
O resveratrol, um anti-oxidante que se encontra na pele das grainhas da uva, e em muito mais quantidade no vinho tinto do que no vinho branco, pode prevenir uma septicemia, doença que pode causar a falha generalizada dos órgãos e levar à morte.»
Fonte:IOL Diário
(...)um copo de vinho por dia traz ainda outras preciosas vantagens para a sua saúde:
- Aumenta a esperança de vida
- Previne e ajuda a controlar a hipertensão
- Diminui o risco de pedra nos rins
- Previne a arteriosclerose
- Ajuda a desfazer gorduras
- Inibe a multiplicação do vírus que provoca o herpes
- Melhora a digestão e o sono
- Regula o humor
- Aumenta o QI
Fonte: G.SAT
Ora aí está uma boa desculpa para consumir o nosso Vinho Dão (tinto).
O Beijós XXI recomenda que beba com moderação.
E se vai conduzir, beba água, que também é boa.
3 Beijos:
Previne a gripe A?
Se vai usar máquinas ou ferramentas perigosas, ou trabalhar em ambientes perigoso, não beba.
BEBER rima melhor com LAZER
Este tipo de 'notícia' é extremamente perigoso. Em 1.º lugar, o estudo "de Glasgow" não tem nada que ver com os 9 "benefícios" que a seguir se apresentam. Se "melhorar o sono" quer dizer dar sonolência, está correcto. Quanto aos restantes pontos, não há suporte científico para serem tidos como 'verdade'.
Antes de falar brevemente sobre o conhecimento científico sobre os benefícios, há que deixar bem claro o que é consensual na comunidade científica - os malefícios provocados por um copo a mais excedem largamente os benefícios da dose certa.
Quanto aos possíveis benefícios, salvo algum estudo recente, publicado após 2007, poderei dizer que são reconhecidas propriedades anti-oxidantes ao vinho tinto, mas não existe ainda evidência científica de como a ingestão de vinho se traduz nos efeitos benéficos que, em teoria, seriam expectáveis.
Existem estudos que relacionam a ingestão de bebidas (e a dieta em geral) com o risco de incidência de determinadas doenças. Na população sénior, há uma correlação entre a ingestão moderada de vinho e o menor risco de algumas doenças cardíacas. Não há nenhuma prova de causa - efeito, i.e. não se sabe se beber vinho melhora a circulação, se é o estado saudável que induz a ingestão de vinho, se ambas as variáveis são provocadas por uma terceira. É preciso esperar algum tempo por um estudo longitudinal (i.e. que acompanhe toda uma geração, pelo menos) e por provas de presença significativamente maior dos anti-oxidantes no organismo dos consumidores de vinho (o estudo que a notícia apresenta como "de Glasgow" apenas demonstra o benefício do resveratrol, não do vinho como fonte de resveratrol...)
Outra implicação muito importante: apenas os vinhos feitos de uva poderão ser candidatos a fonte de resveratrol. Isso exclui as zurrapas que são apresentadas como vinho!
Se é saudável, beba um copo, do bom. Nunca tome vinho como um remédio :))
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