Avaliação simplex
No início de um ano lectivo marcado pela polémica da avaliação simplificada de professores, o Beijós XXI revela a origem histórica deste modelo de avaliação - em Beijós, há 170 anos.
Em 1839 foi criada a «Cadeira d'Ensino Primario da Freguesia de Beijós», atribuída ao cabanense José de Campos. Como foi avaliado? Simples, em Fevereiro de 1840 deslocou-se à Administração Geral de Viseu e submeteu-se a um exame, tendo obtido a classificação de Bom a Doutrina Christã e de medíocre às restantes áreas em que foi avaliado, incluindo leitura, escrita e gramática. Este professor manter-se-ia em funções em Beijós durante décadas, tendo-se sujeitado a exames idênticos com certa regularidade... e com parcos progressos nos resultados!
De seu filho, que herdou o ofício, não temos conhecimento dos resultados da avaliação, mas sabemos que não dava aula de tarde e faltava bastas vezes de manhã, porque «prigaria o seu estado de saude se viesse todos os dias» de Cabanas a Beijós.
«Tenho a honra de passar às mão de Vossa Magestade pelo Conselho Geral Director o resultado do exame a que procedeu nesta Administração Geral José de Campos unico oppositor á Cadeira d'Ensino Primario da Freguesia de Beijós Concelho do Carregal.
Deus Guarde Nossa Magestade
Viseu 18 de Março de 1840».
8 Beijos:
Então a avaliação não foi inventada agora.
É necessario saber-se ser avaliado.
Quem tem medo de ser avaliado?
Venham as eleições para "darmos a nota"
Culto ao chefe.
@Contribuinte pagador e avaliador:
como sabe, sou professor, já conheço os cábulas de ginjeira. Ou mudam, ou chumbam (ao contrário de colegas de outros níveis de ensino, ainda estou autorizado a chumbar uns poucos).
A história do professor José de Campos mostra como uma avaliação não garante qualidade de ensino. Segundo os avaliadores, ele não sabia ler nem escrever, o que não obstou a que tivesse sido o único professor da escola de Beijós por largos anos.
Ora ai está. Para se ter uma boa avaliação não basta ser competente e instruir-se. Tem de se estar nas boas graças do chefe ( seu avaliador directo ).
A avaliação que conta é feita em última instância pelo mercado. Um professor conhece-se pelos seus discípulos. Será a "professores" como ele a quem devemos o atraso da literacia em Portugal.
Esta história gira seria uma curiosidade se não fosse tão actual, Um professor que não sabe ler nem escrever? Provavelmente de professor este senhor só teria o ordenado.
Avaliação feita pelo mercado é não só uma ideia interessante, mas até uma ideologia e um ideal. Muito longe da realidade portuguesa, como sabe.
Veja-se como funciona o processo de avaliação e quais os propósitos em pano de fundo:
«PS chumba ‘Muito bom’ de juiz Rui Teixeira
Três membros do Conselho Superior da Magistratura (CSM) nomeados pelo PS levantaram dúvidas sobre a avaliação de ‘Muito Bom’ atribuída ao juiz Rui Teixeira, que esteve à frente do caso de pedofilia da Casa Pia, e a nota está suspensa até que chegue ao fim o processo da indemnização reclamada ao Estado pelo ex-arguido Paulo Pedroso.
A notícia foi divulgada ontem pela SIC e confirmada pelo CM, que soube ainda que a polémica e inédita decisão foi tomada no plenário do CSM antes das férias judiciais, em Julho, depois de a questão ter sido levantada por Rui Patrício, Carlos Ferreira de Almeida e Alexandra Leitão. Os três vogais sugeriram que o caso da avaliação do juiz de Torres Vedras, no decurso de uma inspecção ordinária, fosse avocado pelo plenário, que acabou por suspender a avaliação desta nota com dois votos contra e uma abstenção. Na reunião não estiveram presentes os vogais indicados pelo PSD nem o penalista Costa Andrade, nomeado pelo Presidente da República. Agora, Rui Texeira, que ordenou a prisão preventiva de Paulo Pedroso em 2003, vai ter de concorrer com a nota antiga: ‘Bom com Distinção’.»
Correio da Manhã, 19-9-2009
que rica democracia???????????
ana paulafernandes
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