Pároco de Beijós esbulhado
É uma notícia do jornal O Ecco, edição de 23-5-1838.
A prosa é muito interessante. Dá para ver que a ortografia da época se assemelha à que empregam hoje alguns bloguistas :) Também se confirma que as relações difíceis entre o pároco e a "comissão" têm a sua História... apesar de um pároco ter permanecido no lugar durante mais de 40 anos, ao contrário do que se verifica na actualidade, com uma rotação que rivaliza com o ritmo de entradas e saídas do cargo de treinador de futebol do Glorioso.
Antes de vos deixar com a transcrição parcial da notícia, posso dizer-vos que este período das lutas liberais, em que os clérigos passaram tempos conturbados, foi intensamente vivido em Beijós, com intervenção policial e tudo... talvez um dia se faça essa História.
«O progresso vai em augmento. O veneravel Vigario de Beijos acaba de ser esbulhado de tudo quanto lhe tocava como Parocho! Este respeitavel ancião sempre presado dos seus parochianos foi collado na sobredita freguezia ha mais de meio seculo (em Maio de 1785). Tendo em 1829 deslocado uma perna, ficou impossibilitado de parochiar. O Desembargo Ecclesiastico de Viseu curou logo de sua subsistencia temporal e da espiritual da freguezia e mandou um encomendado cura-la, consignando-lhe nova congrua á custa dos dizimos, e conservou sempre ao Parocho proprietario metade do pé d'Altar, e por inteiro a sua pequena congrua de 40$, que ao mesmo tempo era seu patrimonio, pois que por falta d'elle tinha sido ordenado a titulo de Beneficio da mesma freguezia. O primeiro progresso de 34 que extinguio os dizimos, de cuja massa saia a congrua deixou-o desde então limitado só ao pé de Altar. Porem mais fino progresso havia de vir! A junta de Parochia expoliou-o do meio pé d'Altar para da-lo in solidum ao novo parocho! Causa dó presencear o decrepito Ministro do Sanctuario arrastando em duas moletas a sua penosa existencia, vivendo de alguma esmola... ou sobindo ao altar encostado ainda (alem das moletas) a um velho seu sobrinho para com a esmola do S. Sacrificio ter mão, na vida quasi morta! Não pára ainda aqui. Consta que certo bacharel accessor da junta aconselhara de mais a mais a um membro, que a freguesia podia obriga-lo por certa prestação de congrua que tinha recebido depois de 34!»
9 Beijos:
O "venerável Vigário de Beijós", foi colocado naquela freguesia há 53 anos, tendo partido uma perna após 44 anos de serviço o que o impediu de continuar a "parochiar".
Reforma - népia.
Aquele "Ministro do Sanctuario" vivia de "meio pé d'Altar" e de "alguma esmola"...
5 *****, Beijokense
Muito interessante.
Afinal este parocho, teve menos regalias que o saudoso Padre Agostinho, que também vitima de vários acidentes,deixou a sua carreira evangélica cedo demais, e também deixou de estar entre os vivos bastante cedo.
Apesar de não frequentar a Igreja, muitas saudades me deixou o bom amigo Pe. Agostinho da Cunha Neto.
Muito interessante.
"Também se confirma que as relações dificeis entre o paróco e a comissão têm a sua história".
O Bacheral nesta história, terá sido que figura nesta ?http://antoniopovinho.blogspot.com/2007/07/leitura-de-bacharis.html
Sem mais investigação, é difícil dizê-lo, mas o meu palpite vai para o que fez este documento a rogo.
bem eu proponho o nosso Beijokense como nosso investigador cultural de Beijos.Acho que el merece.Por mim tinha ja lugar nas proximas eleições com o pelouro da cultura.Parabens por toda a investigação que faz.
ANA PAULA FERNANDES
Que susto!
Comecei a ler ali na barra lateral o início do comentário «bem eu proponho o nosso Beijokense...» e pensei que me estavam a propor para pároco de Beijós!
lol
Se calhar davas um bom Padre, eu posso ser o sacristão.
bem ate lhe digo não estava nada mel, pode crer que a igreja ficava lotada.
lol
ANA PAULA FERNANDES
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