Estudar Darwin?
No dia 12 Fevereiro de 1809 nasceu Charles Darwin. Faz agora 200 anos.
São várias as iniciativas de comemoração desta efeméride. A obra e a vida de Darwin são da maior relevância para a ciência, para o progresso da humanidade e para a vida de todas as espécies.
Num tempo em que a biologia, a geologia e todas as ciências da natureza nos surgem com cruciais para o bem-estar da humanidade, mas também para o futuro deste planeta, é muito importante aproveitar essas iniciativas para conhecer melhor o extraordinário contributo cientifico de Charles Darwin.
Alguns, colocando mal o problema, defendem que a teoria evolucionista de Darwin não faz qualquer sentido. Em oposição ao “evolucionismo” de Darwin está, por exemplo, a teoria “criacionista”, de que tudo fora obra de um criador (Deus), inclusive o ser humano e que nos é contada ligada à historieta de Adão e Eva, propalada há séculos (com base na Bíblia e na religião).
Alguém pergunta: se o homem descende do macaco e o se macaco descende de outros seres menos parecidos com o homem então de que descende, por exemplo, o vírus da sida?
Para mim, o importante não é saber se a teoria de Darwin é a resposta definitiva à questão de onde vem e para onde vai a espécie humana e todos as outras espécies animais, ou mesmo todos os seres vivos.
O importante é, parece-me, a atitude e o fabuloso trabalho de Darwin em prol da ciência e em prol do avanço do conhecimento.
É importante comemorar Darwin como é importante comemorar a vida e a obra de qualquer cientista, filósofo, humanista, artista, etc. Somos habitantes deste planeta, num ponto minúsculo do universo, e sabemos tão pouco do que nos rodeia.
Falando da humanidade, a sua História resume-se a um processo continuo (embora com sobressaltos) da ignorância ao conhecimento, da irracionalidade à razão, da crença em forças e poderes sobrenaturais ao domínio das forças da natureza, a uma tentativa constante de compreender e dominar essas para benefício do homem e de todos os modos de vida de que o homem é parte integrante.
Posso duvidar, muito ou pouco, do que disse Darwin mas não devo olvidar o seu esforço científico. Devemos pois congratular-nos com o seu imenso contributo para compreendermos melhor o mundo que nos rodeia. Estudá-lo. Questionar Darwin, mas aprender com a sua obra, que é um marco indelével na História da ciência.
Devemos questionar Darwin, hoje e sempre, como questionamos Aristóteles ou Platão.
Ninguém chegou, nem jamais chegará, à verdade absoluta, simplesmente porque ela não existe. Heraclito (filósofo grego - 540 A C.) dizia que "não te banharás duas vezes na mesma água de certo rio" (cito de memória). O devir, a mutação, o nascimento e a morte, a transformação dialéctica das coisas da natureza são, talvez, a maior certeza. Darwin não chegou à “verdade” para todo o sempre. Pensar isso seria um insulto ao pensamento de Darwin bem como ao espirito científico em geral.
Texto de: A. Abrantes
5 Beijos:
Eu ainda desconfio que somos todos uns virus do universo....
Fala por ti.
«É importante comemorar Darwin como é importante comemorar a vida e a obra de qualquer cientista, filósofo, humanista, artista, etc.» Bem, talvez, mas não se pode meter tudo no mesmo saco. Há os que vão fazendo pela vida e há os que comunica(ra)m ideias que constituem rupturas com o paradigma dominante, uma espécie de um salto na compreensão do mundo de que fazemos parte. Como Copérnico ou Einstein, Darwin foi um desses e não deve ser relegado para a categoria de "qualquer cientista".
Defendo que todos os seres humanos são iguais, mas não posso defender que todas as ideias têm o mesmo valor. Está muito em voga uma ideologia do "politicamente correcto" segundo a qual todas as formas de pensar são igualmente respeitáveis. Não são. Algumas são bastante perigosas e o criacionismo é uma delas.
A ideia de que a Terra era o centro do Universo caiu com Copérnico. A ideia de que o Homo Sapiens Sapiens era um ser especial, tão especial que até Deus assumiu a forma hominídea, levou um forte abalo com Darwin e desmoronou-se completamente com a genética actual. Falta ainda derrubar completamente a ideia de que os seres humanos se orientam pela racionalidade e não por emoções, muito menos pelo instinto. As neurociências estão a dar cabo dela e há um português com um meritório contributo nesse objectivo - António Damásio.
Ouuu, eh láááááá!!!!
Não quis ofender ninguem!!!!!
Apenas "desconfio" que o Universo é tão imensos e desconhecido, que faz de nós insignificantes. Ao mesmo tempo que vamos destruindo o nosso habitat enquanto julgamos ser a espécie "predominante", na vanguarda da evolução.
Virus.
:)
Enviar um comentário