Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A morte de um preso político beijosense

Armindo Coelho de Moura nasceu em Beijós a 6 de Maio de 1890, filho de Abílio Coelho de Moura e de Efigénia d'Alegria e Moura.
Era agente de investigação da Polícia Cívica na esquadra de Belém. Foi preso a 12 ou 13 de Outubro de 1918, quando Sidónio Pais decretou o estado de emergência, na sequência de um golpe falhado no dia 12. Segundo a biografia de Sidónio no Museu da Presidência da República, «A tentativa revolucionária democrática iniciada a 12 de Outubro motiva a suspensão das garantias constitucionais em todo o território: o governo sidonista decretou o estado de emergência. No rescaldo do estado de sítio, sete republicanos são assassinados em Lisboa pela polícia sidonista quando uma coluna de 150 presos é transportada do edifício do Governo Civil para a estação do caminho-de-ferro, no Cais do Sodré, em Lisboa. A "leva da morte", como fica conhecido o episódio, desfere mais um golpe no sidonismo.»

Infelizmente, Armindo Coelho de Moura foi um dos sete "republicanos" mortos, faz hoje precisamente 90 anos. De meu conhecimento, não foram completamente esclarecidas as circunstâncias que motivaram o ataque da "polícia sidonista" (ver a versão do regime sobre os acontecimentos na Palheira do Beijós XXI), mas o que é certo é que este beijosense pagou com a vida, aos 28 anos, a defesa das suas convicções políticas. Era simpatizante da ala costista, mas, ao contrário do seu mentor e de outros que preferiram a segurança dos bastidores, ousou enfrentar fisicamente a ala sidonista. Se há republicano que mereça o nome de uma rua em Beijós, ele é Armindo Coelho de Moura.

O vespertino republicano Capital publicou a notícia da morte de Armindo e também a do seu funeral, a 19-10-1918, e viria a reportar, um ano depois, a homenagem que lhe foi feita no cemitério da Ajuda.

Capital, 19-10-1918Capital, 16-10-1919

Veja também, na Palheira do Beijós XXI, o local onde Armindo foi abatido.

4 Beijos:

António disse...

Homenagem a Armindo Coelho de Moura.

Beijosense, Agente da Polícia Cívica na Esquadra de Belém, que pagou com a vida a defesa da dos seus ideais liberais.

Aplausos para o Distinto trabalho de invetigação do Beijokense, legado extaordinário para o acervo do Beijós XXI e excelente contributo para o estudo da história de Beijós.

Anónimo disse...

De facto este Republicano merece mais o nome de uma Rua em Beijós por ser um filho da terra, do que outros republicanos que dão o seu nome a algumas ruas existentes.

Anónimo disse...

Não ha duvida que o trabalho de investigação feito pelo Beijokense e extraordinario.Temos um revolucionario que merece sem duvida um nome de rua.
Mas agora ja sei porque o meu marido e tão revolucionario, tem no sangue homens corajosos sem medo de enfretar perigos.E mais alem dele ser revolucionario nasceu num dia tambem que durante o antigo regime não se podia festejar
o 1º de Maio.
Beijos esta de parabens porque tem gente valente, defensora de causas humanitarias e, valentes porque estiveram em frente de batalha e nunca lhes voltaram a cara.
A Lisboeta

beijokense disse...

Os republicanos tinham essa mania de resolver a tiro as divergências políticas.

É verdade que a I República conseguiu, em um terço do tempo, concorrer com o Estado Novo em "qualidades" que só a este costumam ser atribuídas - presos políticos, deportações, fuzilamentos, assassínios em geral... mas, porque os portugueses desconhecem a História de Portugal em geral, e porque a ideologia dominante desculpabiliza os republicanos, ditos progressistas, essas "qualidades" são desconhecidas ou omitidas.

Na Primavera desse mesmo ano de 1918, o regime andava entretido em lutas intestinas e tinha abandonado o CEP na defesa da sua própria pele, mais do que das aldeias francesas. No entanto, ainda hoje, a versão mais popular sobre o que se passou a 9 de Abril, diz que o CEP foi abandonado pelos ingleses!
Nesta ideologia, os ingleses, vivendo em monarquia, são os maus da fita, enquanto uns bons são os franceses, republicanos. É também por causa disso que se costuma omitir a maior humilhação a que Portugal foi sujeito, quando os franceses invadiram, mataram, violaram e pilharam, até os ingleses virem cá convidá-los a sair.

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