Crise Financeira na Taberna da Aldeia ou a Folia dos Fiados
Esta história anónima, que me chegou por diversas cadeias de mensagens , é a melhor explicação que tenho visto sobre a actual crise financeira e colapso dos mercados de capitais, e inclusive a minha análise que podem ver no PPP Lusofonia.
CITAÇÃO:
Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é a actual CRISE AMERICANA E MUNDIAL, ou o que gerou a crise americana e mundial, segue um breve relato económico para leigo entender.
Então, é assim:
O sr. Zé tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender vinho 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados...
Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do sr Zé, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos dos bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do sr. Zé ).
Esses derivados passam a ser negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, o bar do sr. Zé vai à falência, e também toda a cadeia.
É ISTO!
FIM DE CITAÇÃO
Acrescente-se que o sr. Zé até conhecia bem os seus clientes e até suspeitava que não iam poder pagar. Por isso ele vendia as ditas "cadernetas" da lista dos fiados a investidores terceiros, que lhe adiantavem logo o dinheiro, e ficavam a receber dos bebedores, sem recurso a ele, sr. Zé. Como havia muita procura da parte desses investidores terceiros, o sr. Zé até chegou a contratar uns agentes angariadores para conseguir mais bebedores fiados nas aldeias próximas, e porque não longínquas, e quanto mais bêbedos melhor para fazer volume. Tudo para ceder mais cadernetas dos fiados a mais investidores, sempre sem recurso, que o sr. Zé não era parvo. Entretanto o sr Zé, cheio de liquidez (da boa, a financeira) multiplica o seu ordenando, auto-atribui-se um prémio valente, entrega a taberna a uns dos angariadores que nem sabe de vinho, nem de bêbedos, e retira-se atempadamente para uma ilha tropical.
Eis senão quando, chega aí o aquecimento global, e a bela ilha ameaça afundar-se numa enorme tempestade mundial.
Não perca os próximos capítulos...
3 Beijos:
Há responsabilidades dos reguladores (por omissão) e de muitos gestores que querem mostrar que o negócio tem um poder de crescimento infinito. Em muitos casos, há má fé e dolo, como no banco português que emprestava dinheiro aos clientes para comprar as suas própias acções, as quais se sabia estarem "sobreaquecidas".
Mas, fazendo a ligação com o texto de A. Abrantes, os que, supostamente, se deixaram enganar, são os mais gananciosos de todos. Pedir empréstimos para comprar activos voadores denota a mesma atracção irresistível pelos milagres da multiplicação que leva pessoas a comprar "máquinas de fazer dinheiro", comprar cautelas "premiadas", entrar em esquemas de pirâmide, convidando "amigos" (livra!) a juntar-se para conseguir recuperar parte do prejuízo, etc.
Ora, juntando à ganância dos que podem oferecer dinheiro, o apetite consumista dos outros (em muitos casos, os mesmos!!!), que têm de ter já aquilo que só os netos poderiam pagar... puumm!
É fácil atribuir as culpas ao americanos que, na perspectiva de muitos fazedores de opinião europeus, são os culpados de todo o mal que nos acontece. Mas cada um é responsável pelas suas próprias acções e tem a obrigação de se informar para saber que quando o Governo nos "dá" um computador por 150 Euros, esse é só o valor da entrada, há que pensar nas 36 prestações seguintes, a pagar a um operador de telecomunicações, e há que saber que, passados esses 36 meses, o valor residual do equipamento é 0.
eu gostava de comentar esta citação,mas tenho medo de ferir algumas pessoas que vejam este blog e, posso originar um ma interpretação.
Portanto fica para mais tarde se eu assim o entender.Mas concorco perfeitamente com o beijokense.
E quanto ao magalhães ninguem fala e o dinheiro e de todos nos.
Mas ficamos por aqui.
ANA PAULA FERNANDES
“Quem compra o que não pode, vende o que não quer”
Those who buy what they cannot afford, end up selling what they would rather not.
The subprime crisis in 15 words or less
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