Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

quarta-feira, 28 de março de 2007

Os Filhos da Ditadura

O inevitável aconteceu. Salazar foi eleito o maior português de sempre no concurso produzido pela RTP, “Os Grandes Portugueses”.

Na primeira vez que foi sujeito a uma eleição por parte do povo, o descendente de Santa Comba Dão ficou isolado na primeira posição, quase com maioria absoluta. O único concorrente directo foi um dos seus maiores opositores. Destes, o único a figurar nesta lista. Falo de Álvaro Cunhal. O “pseudo-ditador” comunista obteve 19,1% dos votos, menos de metade do totularitarista de extrema-direita, que conseguiu atingir 41% das votações.

Em contraste, na terceira posição (13,0%) ficou Aristides de Sousa Mendes. Ou seja, este pódio é um incrível paradoxo, onde figuram juntos um fascista, um comunista e um humanista. Um pódio onde figurativamente fica Salazar sobre Cunhal e Mendes, tal e qual como aconteceu na vida real. Um pódio onde, pela pura das coincidências, Cunhal fica colocado à esquerda.

Aristides de Sousa Mendes era, até antes da realização deste programa, quase um completo desconhecido do público em geral. É o único do lote dos dez mais que não figura nos livros de história. O único que não travou grandes guerras, que não construiu cidades, que não descobriu mares até então desconhecidos ou que não escreveu uma grande obra literária. Mas o seu defensor no programa, o advogado José Miguel Júdice, defendeu sublimemente o cônsul, conseguindo transmitir ao público a sua incrível coragem, o seu feito heróico, e como a sua vida foi destruída por Salazar - como já várias vezes foi descrito aqui no blogue. Os resultados mostram que Júdice conseguiu realmente sensibilizar a população.

Parece incrível como António Oliveira Salazar pode ter ganho este passatempo. Será problema dos portugueses a falta de memória? Procurando uma explicação para tal, podemos pensar que o povo português está muito insatisfeito com os governos dos últimos anos e votou em Salazar como um sinal de protesto. Outra razão terá sido a mobilização em massa de militantes de extrema-direita, o mesmo se passando com Álvaro Cunhal e os militantes comunistas. Esta mobilização confirma-se quando observamos a sondagem feita pela Marktest – outra sondagem, com resultados idênticos, foi feita pela Eurosondagem. De reparar que uma sondagem é feita a partir da recolha probabilística de opiniões, contrastando com o voto voluntário praticado no programa. Na referida sondagem, D. Afonso Henriques vence, seguido por Camões e Fernando Pessoa. Estas sim, serão as preferências reais da população.

P.S.: Obrigado a todos os que votaram em Aristides.



26 Beijos:

VIVEIROS-BATISTA disse...

apesar do regime não podemos deixar de o considerar um grande portugues

beijokense disse...

Nuno,
seguindo o teu raciocínio, também temos de admitir que os 20702 votos em ASM são "militantes", uns quantos de simpatizantes da comunidade judaica, mais alguns dos habitantes do nosso concelho, e a maioria de "anti-fascistas" que não queriam votar Cunhal.

No estudo da Eurosondagem, ASM ficou em penúltimo lugar com 6%; na sondagem Marktest, ASM teve os mesmos 6%, mas deixou atrás de si Cunhal, D. Henrique e D. João II.
[Os Universos das sondagens são diferentes:
Eurosondagem --> >15 anos, entrevista pessoal
Marktest --> >18 anos, entrevista telefónica]

Nuno disse...

Sem dúvida.
Se bem que os anti-fascistas devem ter pensado todos no voto útil e votaram em Cunhal.

Anónimo disse...

Pode não ser um problema de memória curta, mas ficou demonstrado que só foi revista a história (triste) do século XX.

Não será um paradoxo AOS, ter atingido o pódium com "armas e ferramentas" que não conheceu, não usou e não permitiu que alguém usasse neste País ??? ...votar, eleger, etc ???

Por outro lado, esta consulta, com este candidato, nunca seria possivel, se não fosse a titulo póstumo e com os gorilas extintos.
---Deve ficar, eternamente, aos TOMBOS na tumba !!!

beijokense disse...

:D
ó Roger.a, ele usou precisamente essas "armas e ferramentas", havia eleições deste género, em que alguns esgotavam os telefones todos :)

Como disse noutras ocasiões, não dou a mínima importância a este show da RTP, mas não posso deixar de registar que a data do termo da votação não era conhecida quando a mesma se iniciou! A RTP começou por anunciar que seria nos primeiros dias de Março, mas foi adiando, perante o embaraço de ter AOS à frente. "Escolher" figuras da História pelo mesmo método dos concorrentes do Big Brother, é o que dá! Os votos não chegaram a 160K, o que significa que os portugueses não são tão parvos como querem fazer crer ;-)

António disse...

Podemos pós factum tentar descortinar mil e uma explicações, as quais irão com certeza relativizar, não empolgar, ou até diminuir o significado dos resultados.

Eu como já disse, votei em Aristides de Sousa Mendes (ASM).
Estou ciente de que não foi o Português que mais contribuiu para a existência do nosso país nem sequer da nossa nação e não consta que tenha feito algo pela língua portuguesa.
Votei em ASM porque me orgulho de ter na História do nosso país um Homem que colocou a humanidade acima de todos os credos, acima de todas as hierarquias, acima de todas as politicas, acima de todos os medos.
Haverá maior coragem no mundo?

Fico contente que este concurso de má memória tenha servido, ao menos, para dar a conhecer ASM.

Fico triste pelos resultados, não há explicação possível que consiga tirar o amargo de boca a qualquer cidadão que respeite a Liberdade e a Democracia.

"Age segundo uma máxima tal que possas crer que ela se torne em conduta universal" Kant.

Fiz uma pesquisa em jornais de vários países, onde Portugal foi notícia por ter eleito em concurso televisivo de grande audiência na televisão do Estado, o ditador responsável pelo atraso de Portugal.

Beijokense dizes que a RTP atrasou a final para ver se Salazar não vencia o concurso!!!
Essa ideia é ainda mais estranha, quase digna da "Teoria da Conspiração", pois se a RTP ia tendo conhecimento do evoluir da votação, coisa estranha para quem tanto publicitava a independência das consultoras privadas que auditavam o concurso, mais estranho foi o dia escolhido para a final do concurso e da votação, 25 de Março de 2007, dia em que a União Europeia e todos os Estados Membros festejavam os 50 anos do Tratado de Roma.
Os lideres da Europa unida discursaram para o mundo enaltecendo as virtudes da Democracia, da Liberdade, do respeito pelas várias raças, do respeito pelos vários credos, pelo respeito do individuo enquanto ser livre de ter convicções, etc; mas para espanto nesse mesmo dia Portugal através do canal estatal (RTP), o qual também festejou recentemente meio século de vida, passava a final de um concurso (o de maior audiência, nos últimos anos, na RTP) para eleger o maior Português de todos os tempos:
e pimba:
votaram em Oliveira Salazar (Ditador durante mais de quarenta anos)
e para o 2º maior português de todos os tempos votaram em Álvaro Cunhal (um dos poucos lideres comunistas no mundo a manter a convicção de que as políticas de Estaline eram boas).

Sinceramente não entendo como é que o Luxemburgo passou Portugal, como país onde se consome mais álcool per capita.

beijokense disse...

António, a "teoria da conspiração" não é minha, vem expressa nos jornais que acompanharam o evoluir deste programa, pelos mesmos jornalistas que divulgaram o top-100, o top-10 e os respectivos "defensores" antes de a RTP o ter feito. Portanto, não é uma teoria, é uma informação credível cuja fonte só pode ser alguém de dentro.

António disse...

E agora?

Como é que um bom chefe de família explica aos seus filhos menores que, aquele programa muito badalado na RTP, com figuras de renome na vida social e política portuguesa, com o fito de ensinar a História de Portugal e seus egrégios construtores , ensinou que o maior português de todos os tempos foi o Dr. Oliveira Salazar, homem que "endireitou o país" e governou quatro vezes mais do que a idade da criança a quem o pobre pai tenta "iludir".
Corre-se o risco de que os nossos jovens pensem que o ditador foi a reencarnação de El Rei D. Sebastião numa manhã de nevoiero (que durou 46 anos).

É de facto uma fraca figura a que Portugal dá ao mundo civilizado e democrático, elegendo os dois maiores portugueses de todos os tempos: um ditador fascista e um defensor da ideologia da ditadura de esquerda estalinista.

Até dói.

beijokense disse...

O DN publicou, por diversas vezes, a evolução da votação.

No passado dia 20, apresentava os resultados até então apurados. Salazar tinha 52 mil votos, Afonso Henriques 30 mil e Cunhal 25 mil. A informação foi passada pela RTP, com o Director de Programas a lembrar os 60 mil votos que o programa Dança Comigo recebeu em 20 minutos. Dizia ele «tudo está em aberto», como que apelando a um voto milagroso que salvasse a face :)

No dia 23, em declarações ao CM e ao DN, Maria Elisa dava a entender que tudo se iria decidir entre Salazar e Cunhal.

No dia 24, vários jornais davam conta de que, na quase certeza de que o vencedor seria Salazar, a RTP alterara o formato do programa final, para não homenagear o vencedor.

Anónimo disse...

Vamos ser optimistas: Talvez as pessoas que são responsáveis por estes tristes resultados da votação não serão representativos do povo Português em geral.
De contrário, isto é das notícias mais deprimentes que eu tenho visto: Os Portugueses consideram que os seus melhores representantes foram um extremista da direita e outro extremista da esquerda. Duas pessoas que não respeitavam direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e o direito de escolher livremente os seus governantes. Duas pessoas que fundaram ou suportavam organizacões criminosas e inumanas como a PIDE e a KGB que raptavam e torturavam pessoas só por terem diferentes convicções politicas.
Aqui fica uma sugestão para o Ministério Da Educação: Prestem mais atenção á necessidade de ensinar mais HISTÓRIA nas escolas…é cada vez mais importante!

Anónimo disse...

Auto-retrato
Salazar, visto por Salazar Quem era Salazar ?


Salazar - «Pude servir.»«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, sustentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.

Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre.

Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano.

Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e o direito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder o contacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho, posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; e folheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, de acção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pude esclarecer-me.

Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito geral. Pude servir. »

Salazar

Anónimo disse...

Uma vida ao serviço da Nação


Por Manuel Batista Dias da Fonseca
Secretário particular (1946-49)
Quem era Salazar ?

SalazarComo nota prévia à 2.ª edição da minha Antologia de Salazar (1955), escrevi: "Nesta época de superficialidades, incertezas e contradições que o mundo vive, destaca-se singularmente o pensamento de Salazar - vigoroso, firme e profundo, a traçar directrizes seguras em relação aos problemas essenciais da vida e da pessoa humana.
"A ordem cronológica e a diversidade das fontes dos extractos fazem avultar a constância do pensamento de Salazar: igual em 1909 como em 1955, igual nos discursos, como nos artigos de jornal e nas entrevistas - a mesma directriz, sempre a mesma certeza... e até a mesma actualidade!".

E em nota prévia à 3.ª edição (1966): "0 tempo decorrido veio plenamente confirmar a justeza destas palavras - que hoje se revestem ainda de mais acentuada oportunidade.
"Mas o estilo próprio e único de Salazar revela-se igualmente na acção; observe-se, por exemplo, a sua imediata e feliz reforma fiscal de 1929: que simplicidade e concisão de linguagem - e que facilidade de execução, tanto para os serviços como para os contribuintes!
"Outro claro exemplo desse estilo próprio e único, tanto de dizer como de agir, é a sua recente frase, que fez história: "Para Angola, rapidamente e em força!".
"De Salazar se pode dizer: UMA VIDA CONSAGRADA AO SERVIÇO DA NAÇÃ0.

"Para avaliar da grandeza da obra de Salazar é necessário ter presente a dificílima situação do País, em todos os sectores, quando tomou conta dos seus destinos: há 40 anos ninguém teria ousado desejar que se viesse a realizar tanto como o que efectivamente se alcançou - e a maior parte das aspirações durante muitos anos debalde formuladas na imprensa e no parlamento designadamente as da Igreja, antes tão maltratada -, só com Salazar vieram a ser satisfeitas". Ora, ainda hoje se pode dizer isso mesmo de Salazar: trabalhava, a tempo inteiro, pela Nação; sempre calmamente, sem pressas nem enervamentos - e em que tudo, de forma natural, tinha a sua ordem e hierarquia. Era meticuloso, tanto nas coisas grandes como pequenas.

No célebre discurso 0 Meu Depoimento, proferido no Palácio da Bolsa do Porto, em 7 de Janeiro de 1949, começou por dizer assim:

"Devo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. E para ganhar, na modéstia em que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.
"Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido em que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção.
"Se lhes defendo tenazmente os seus interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre". E assim continuou o seu discurso...

É fora de dúvida que Salazar sempre levou uma vida modesta - como bem modesta era a sua "moradia" em Santa Comba; a sua alimentação era a de qualquer português da classe média. Quando saía, a sua "segurança" era feita apenas por um carro da PIDE, com um agente e um inspector.

Indiscutivelmente, tinha Salazar um estilo de vida naturalmente simples: não procurava aplausos de multidões; e embora fosse exigente quanto à justiça que julgava ser-lhe devida, não era muito sensível propriamente a elogios que, por vezes, encobriam desejos de benesses.

Mas amigos tive, que não pensavam assim; e foram curiosos nos seus pontos de vista. Um dia, no Rossio, encontrei o Dr. Sá Nogueira, figura imponente, ligado à Oposição, então Presidente da Ordem dos Advogados, e a quem chamavam o "Bengalário da Ordem", por andar sempre de bengala. E falando nós de Salazar, disse-me: "Realmente, ele é excepcional, em cultura e seriedade, esta muito acima disto tudo... Eu só não lhe perdoo... é que ele é um vaidoso, disfarçado de modesto!".

Numa tarde de férias em Lousado, ouvi um amigo que muito bem conhecia Salazar, dizer assim: "Ele gosta da glória de desprezar a glória!".

Bastantes eram as anedotas que corriam sobre Salazar, sobretudo nos primeiros tempos, em que a sua preocupação de poupança tinha impressionado o Povo. Quem não se lembra da campanha Produzir e Poupar?

Eis, pois, algumas dessas anedotas:


Pergunta a Salazar: "Dois e dois, quantos são?".
Resposta: "Sendo para pagar, são 4. Mas para receber, são 22!".

Um contínuo, um dia chegou mais tarde; entrou no gabinete de Salazar (no Ministério das Finanças) e disse que a mulher se tinha sentido mal de noite, e de manhã tinha ido com ela ao hospital; e depois, ao vir para o Ministério, "segui a regra de Vossa ExceIência e vim a correr atrás do eléctrico - e assim poupei os oito tostões do bilhete...".
Salazar: "Está bem; mas para outra vez venha a correr atrás de um taxi: poupa mais... e chega mais cedo".

Na ementa de um restaurante, figurava "Bacalhau à Salazar"; perguntou o cliente como era; resposta: "É parecido com Bacalhau à Gomes de Sá, só que com muito pouco bacalhau".

Nos estabelecimentos de artigos de cozinha, havia um pequeno utensílio, com cabo de madeira e uma pá de borracha, para rapar bem os tachos; era chamado "Salazar".

Também às revistas do Parque Mayer não faltavam alusões ao espírito de poupança de Salazar:


Um grupo folclórico entra no palco, e canta: "Nós vimos de Santa Comba, de Santa Comba / É o grupo do pim-pam-pum, / Da terra onde todos dão... / Mas tirar... só tira um!

Aparece António Silva, como professor da escola de Santa Comba.
Compére: "Então, é o professor de Santa Comba...".
A. Silva: "Sou, sou, e há muitos anos".
Compére: "Então foi professor daquele aluno... o António?".
A. Silva: "Fui, fui, e lembro-me muito bem dele".
Compére: "0Ihe lá: ele dava... dava boas lições?".
A. Silva: "Bem, ele dar... não dava - tirava..., tirava bons apontamentos".

Salientei atrás que, com Salazar, e naturalmente, tudo tinha a sua vez - a sua hierarquia. Ora, curioso é notar que, mesmo depois, quando já muito doente, o pouco de vida que dele restava ainda mantinha essa sua personalidade. Assim:
Poucos meses antes do seu falecimento, minha Mulher telefonou à D. Maria, pedindo ao Senhor Presidente que nos recebesse - e ao casal do Dr. José Manuel da Costa (chefe de gabinete com quem eu tinha servido).
Dias depois a resposta afirmativa veio assim: "Primeiro, às 15 horas, o Dr. José Manuel da Costa e D. Maria Emília; e depois, às 15.30 horas, o Dr. Manuel da Fonseca e D. Maria Delfina".

Para evitar fadiga, a visita era só um de cada vez. Assim, quando entrei, após os cumprimentos, Salazar disparou-me a pergunta: "Então o que vai lá por fora?". Ora como se mantinha a dúvida sobre se Salazar saberia da sua substituição.... fugi à resposta - e disse que continuava o mau tempo e que até ali pela janela se viam as nuvens muito escuras... A resposta desejada não era esta, mas Salazar não insistiu na pergunta...



Como escreveu Marcello Caetano, na Enciclopédia Verbo (rubrica "Estado Novo"): "Após a Primeira Grande Guerra, produziu-se a crise da concepção liberal e individualista do Estado, manifestando-se em muitos países europeus a necessidade de uma nova concepção que permitisse a intervenção do Estado na vida económica, condicionasse o exercício das liberdades individuais afirmando a supremacia do interesse geral e favorecesse a protecção e promoção social das classes trabalhadoras num clima de paz social.
"Os regimes, em geral saídos de revoluções nacionais, que procuraram pôr em prática essa forma autoritária e social de governo, disseram-se defensores do Estado Novo".

Assim, tivemos realmente em Portugal um regime de autoridade, de raiz nacional; porém de forma nenhuma totalitário, ou de cunho "fascista".

Mas um juízo correcto sobre a obra do Estado Novo impõe a sua comparação com as dos regimes, quer anterior quer posterior.

Regime anterior (1910-26).

Como regra, o País estava quase na estaca zero. Por exemplo: o escudo era das moedas mais desacreditadas da Europa; meses houve com os vencimentos dos funcionários pagos com atraso; câmaras municipais, e até casas comerciais, imprimiam "cédulas", que tinham valor local de papel-moeda; os governos eram mais que provisórios e as revoluções mais que frequentes; não havia portos minimamente equipados, nem barcos capazes, quer de pesca ou marinha mercante; em todo o Norte do país, não havia fábrica alguma com técnico engenheiro ou de Economia; praticamente nada de pontes novas, de edifícios escolares, de novos hospitais, de edifícios novos para o Exército e para a Marinha, nem equipamentos - e nem sequer eram reparados os frequentes e grandes buracos das estradas, mesmo principais; pelo menos nas aldeias do Norte, sucessivos grupos de pobres (um dia certo da semana) batiam às portas, a pedir esmola; e a caminho das grandes romarias, mendigos exibiam suas chagas e aleijões, clamando por uma "esmolinha".

Houve, porém, uma nota muito positiva deste regime: os seus políticos responsáveis eram francamente patriotas - e, como assim, defensores do Ultramar: ver Nação Una, de Norton de Matos, com prefácio de Egas Moniz e comentário do Prof. Barbosa de Magalhães; e em 1953, Norton de Matos voltou a publicar África Nossa. E Cunha Leal, Nuno Simões, Ramada Curto, etc.

Nas Forças Armadas: nos últimos anos da Monarquia, muitos dos Heróis de África eram republicanos - e tal como depois na República, muitos eram monárquicos: acima da política, triunfava o patriotismo português. Aliás, a letra do que veio a ser Hino Nacional é eloquente testemunho do patriotismo dessa época - e tal como, depois, no Estado Novo.

Estado Novo (1926-44).

Graças à acção de Salazar, o País entrou em franca recuperação, em todos os sectores. Assim:

1) pronta reabilitação do escudo, que veio a ser das moedas mais valorizadas do mundo, a par do dólar americano e do franco suíço; orçamentos não equilibrados; não mais vencimentos em atraso; substituição e sucessivo aumento de reservas de ouro, que no fim do regime eram perto de 900 toneladas; insignificante dívida pública, externa e interna, sempre limitadas a níveis tidos por convenientes;

2) obras públicas: grande rede de edifícios escolares, a todos os níveis de ensino; aeroportos e remodelação de portos; novos hospitais, e tribunais, e quartéis para o Exército, Marinha e Aviação; remodelação das estradas e construção de pontes; reparação de edifícios e monumentos nacionais, etc. etc., e a Ponte Salazar;

3) grandes barragens, quer de energia eléctrica, quer de irrigação agrícola e abastecimento público; florestação de várias serras, sem árvores; planos de fomento; arranque do desenvolvimento quer industrial, quer do turismo (de início, com as Pousadas; depois, com médios e grandes hóteis), etc. etc.;

4) no campo social: deixou de haver quer grupos de pobres a pedir pelas portas, quer filas de mendigos, em dias de romaria; e início de salários mínimos, horário de trabalho, abono de família e assistência médica e medicamentosa; construção de esplêndidos bairros sociais, com casas adquiridas por encargo mensal compatível com os salários de então; e criação das Casas do Povo e Casas dos Pescadores; e férias na FNAT, a preço acessível aos trabalhadores; e cursos de Formação Profissional Acelerada, etc. etc.;

5) fomento do ensino a todos os níveis - e criação do ensino técnico-profissional, nas escolas comerciais e industriais e agrícolas; grande campanha contra o analfabetismo, em grande parte vindo do regime anterior;

6) celebração da Concordata com a Santa Sé, a pôr termo a injustiças sofridas pela Igreja Católica - e assegurando-Ihe liberdade de culto;

7) a grandiosa Exposição do Mundo Português, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos;

8) construção de grandes paquetes: Santa Maria, Vera Cruz e Infante D. Henrique;

9) e, principalmente, o espectacular sucesso no campo da cultura: Artes, Letras e Ciências.
Com efeito: o sentido quer de dignidade, quer de grandeza que o Estado Novo imprimiu à vida nacional, em breves anos fez com que surgisse uma vasta plêiade de grandes valores, tanto na Situação, como na Oposição, com nomes que o povo ainda bem recorda e que agora não têm par. Apenas uma breve resenha: Medicina: Egas Moniz (prémio Nobel, em 1943) e Francisco Gentil (fundador do Instituto Português de Oncologia); Matemática: Bento Caraça, Vicente Gonçalves, Esparteiro, Mira Fernandes; Engenharia: Duarte Pacheco, Edgar Cardoso, etc.; Escultura: Francisco Franco, Leopoldo de Almeida, Barata Feyo, etc.; Arquitectura: Raul Lino, Cotinelli Telmo, Januário Godinho, etc.; Pintura: Vieira da Silva, Almada Negreiros, João Reis, Henrique Medina, Cargaleiro, Carlos Botelho, etc.; Direito: em Coimbra, Alberto dos Reis e Antunes Varela; em Lisboa, Marcello Caetano, Cavaleiro Ferreira, etc.; Advocacia: Bostorf Silva, J. G. Sa' Carneiro, Azeredo Perdigão, etc.; Teatro e cinema: actrizes: Rey Collaço, Maria Mattos, Palmira Bastos e Laura Alves; actores: Vasco Santana, António Silva, Vilarett, Ribeirinho, etc.; Escritores: Júlio Dantas, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Fernando Namora, etc. etc.; Poetas: José' Régio, Correia de Oliveira, Moreira das Neves, etc.; jornalistas: António Ferro, Norberto Lopes, Ferreira da Costa; Historiadores: Alfredo Pimenta, Damião Peres, Jaime Cortesão, António José Saraiva, Franco Nogueira; Realizadores de cinema: Lopes Ribeiro, Leitão de Barros, Artur Duarte, com filmes que ainda hoje se recordam e são vistos com muito agrado na televisão; Música: piano: Viana da Motta, Varela Cid, Maria João Pires; violoncelo: Guilhermina Suggia; maestros e compositores: Freitas Branco, Frederico de Freitas, Tavares Belo, Ruy Coelho, Jolli Braga Santos; canções populares: Alberto Ribeiro; fado: Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Amália Rodrigues; Cultura popular: renasce o artesanato, em peças de barro e cerâmica, e de ferro forjado e de cobre; e surgem grupos folclóricos, por todo o País, e que de tudo foi grande impulsionador António Ferro.

Depois do 25 de Abril de l974.

Muitos foram os sectores da vida nacional que entraram em decadência. Assim:

1) empobrecimento do País: o escudo passou a queda deslizante (quanto valia e quanto vale, em relação à peseta?); muitas toneladas de ouro foram vendidas ou hipotecadas (quantas?); grande baixa do stock de divisas/dólar (quanto era e quanto é?); brutal aumento da circulação fiduciária (era de 49 milhões de contos; e agora, de quanto é?); a inflação, que era muito baixa, subiu em flecha, tendo ultrapassado muito os 20 por cento/ano; e sobretudo: brutalíssimo aumento da dívida pública, interna e externa (de quanto são? e como vão ser pagas?);

2) grande aumento da corrupção: só no IARN e na Reforma Agrária, os desvios. ultrapassam, em muito, tudo quanto foi "desviado" nos quarenta e oito anos do regime anterior! - e que é feito do antigo Fundo Militar do Ultramar? Dantes, apontavam-se... os que se "governavam" agora, apontam-se os que são sérios;

3) e não é só desonestidade a nível das pessoas: onde está, minimamente, a seriedade de um regime que permite a retirada - ou mesmo destruição - de estátuas e outros símbolos da época em que foram feitos? - e que muda nomes de pontes, de estádios, etc., pondo-Ihes outros, ligados ao regime actual? Assim disse o Cardeal Patriarca de Lisboa, em recente homilia pascal: "Quem não se apercebe da duplicidade de comportamentos, da ambiguidade de atitudes, dos jogos de poder, numa palavra, da desonestidade reinante, por vezes em nome do progresso e da modernidade dos tempos?";

4) obras públicas: sofreram forte declínio; apenas com o actual Governo, de Cavaco Silva, se voltou ao ritmo do Estado Novo (só que, agora, grande parte é com fundos comunitários europeus);

5) e casas de habitação? Em 25 de Abril de 1974, em Lisboa e arredores, havia um défice de 15-20 000 habitações; com a "via socialista", o défice passou a 150-200 000! - e todos os anos se vai agravando! Como é que um casal de trabalhadores pode agora arrendar ou comprar uma casa - como durante o Estado Novo?

6) galopante aumento do custo de vida: já muitos trabalhadores, e muitíssimos reformados, vivem hoje pior que antes do 25 de Abril;

7) e até crise cultural; com flagrante objectividade, o insuspeito e antigo oposicionista Prof. Rodrigues Lapa disse, em entrevista ao vespertino A Tarde, de 25 Agosto 1983: "A crise cultural depende, em boa parte, da crise política que estamos atravessando. 0 País vive um dos períodos mais dramáticos da sua longa história, assinalado pela corrupção do carácter e promoção de falsos valores. Com estes ingredientes nocivos como pode florescer a cultura?"

Porém, o grande e irreversível pecado do actual regime foi a precipitada entrega das nossas Províncias Ultramarinas - e assim, subitamente, reduzindo Portugal a 4 por cento do seu anterior território, com afronta a cinco séculos de história! - Ler 0 Fim Histórico de Portugal, do historiador Doutor Amorim de Carvalho, há pouco falecido. E causaram a miséria e fome a largos milhões que eram então Portugueses: brancos, mestiços e pretos.
Agora, reduzido a 4 por cento, quanto valerá Portugal no contexto europeu? Certamente mais que a Galiza, mas talvez menos que a Catalunha; aliás, em vários domínios (produtos agrícolas, inclusive), já estamos a ser invadidos pelos Espanhóis: oxalá que não venha a colonização cultural.

Em conclusão: do confronto acima evidenciado, resulta que o Estado Novo foi muito melhor que o regime anterior - e muitíssimo melhor que o actual.

E, pois, honroso ter servido o Estado Novo - e até porque Salazar era bem exigente com os seus colaboradores, como sabido é. Felizmente, só poucos dos que então serviram o Estado Novo procuram ocultar essa circunstância (ou por fragilidade de espírito, ou por vontade de conseguir vantagens no actual regime). Aliás, o povo aprecia é que os antigos servidores de Salazar, natural e honradamente, se afirmem como tais e prestem homenagem à sua obra, sem paralelo nos últimos anos de Portugal. Por mim, quando me perguntam se depois do 25 de Abril não mudei pelo menos um pouco..., costumo responder que sim - e até mudei bastante: quando secretário, era 80 por cento salazarista; agora, realmente mudei, mas para 99 por cento.
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Anónimo disse...

Aristides de Sousa Mendes,
(Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, 19 de Julho de 1885 — Lisboa, 3 de Abril de 1954) foi um diplomata português. Ele recusou seguir as ordens do seu governo (o regime de Salazar) e concedeu vistos a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam fugir da França em 1940, ano da invasão da França pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial. Aristides salvou dezenas de milhares de pessoas do Holocausto. Foi o “Oskar Schindler português” (comparação pouco reconhecedora do facto de Aristides ter salvo um número muito superior de pessoas das de Schindler).

Antes de 1940

Foi baptizado Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches em Cabanas de Viriato, uma pequena vila do distrito de Viseu. Aristides pertenceu a uma família aristocrática com terras, católica, conservadora e monárquica. Seu pai era membro do supremo tribunal.

Aristides instala-se em Lisboa em 1907 após a licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, tal como o seu irmão gémeo. Ambos enveredaram pela carreira diplomática; Aristides ocupará deste modo diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora: Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América. Em 1929 é nomeado Cônsul-geral em Antuérpia, cargo que ocupa até 1938. O seu empenho na promoção da imagem de Portugal não passa despercebido. É condecorado por duas vezes por Leopoldo III, rei da Bélgica, tendo-o feito oficial da Ordem de Leopoldo e comendador da Ordem da Coroa, a mais alta condecoração belga. Depois de quase dez anos de serviço na Bélgica, Salazar, presidente do Conselho e ministro dos negócios estrangeiros, nomeia Sousa Mendes cônsul em Bordéus, França.

Em 1940, com 55 anos, ele aproxima-se do fim da sua carreira e é pai de catorze filhos. Politicamente nunca se fez notar.
A Segunda Guerra Mundial

Aristides de Sousa Mendes permanece ainda cônsul de Bordéus quando tem início a Segunda Guerra Mundial, e as tropas de Adolf Hitler avançam rapidamente sobre a França. Salazar manteve a neutralidade de Portugal.

Pela Circular 14, Salazar ordena aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusem conferir vistos às seguintes categorias de pessoas: “estrangeiros de nacionalidade indefenida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos”.

Entretanto, em 1940, o governo francês refugiou-se temporariamente na cidade, fugindo de Paris antes da chegada das tropas alemãs. Dezenas de milhar de refugiados que fogem do avanço Nazi dirigiram-se a Bordéus. Muitos deles afluem ao consulado português desejando obter um visto de entrada para Portugal ou para os Estados Unidos, onde Sousa Mendes, o cônsul, caso seguisse as instruções do seu governo distribuiria vistos com parcimónia.

Já no final de 1939, Sousa Mendes tinha desobedecido às instruções do seu governo e emitido alguns vistos. Entre as pessoas que ele tinha então decidido ajudar encontra-se o Rabino de Antuérpia Jacob Kruger, que lhe faz compreender que há que salvar os refugiados judeus.

A 16 de Junho de 1940, Aristides decide entregar um visto a todos os refugiados que o pedirem: “A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião”. Com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos e do rabino Kruger, ele carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel disponíveis.

Confrontado com os primeiros avisos de Lisboa, ele terá dito: “Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus”.

Uma vez que Salazar tomara medidas contra o cônsul, Aristides continuou a sua actividade de 20 a 23 de Junho em Bayonne, no escritório de um vice-cônsul estupefacto, e mesmo na presença de dois outros funcionários de Salazar. A 22 de Junho de 1940, a França pediu um armistício à Alemanha Nazi. Mesmo a caminho de Hendaye, Aristides continua a emitir vistos para os refugiados que cruzam com ele a caminho da fronteira, uma vez que a 23 de Junho, Salazar demitira-o de suas funções de cônsul.

Apesar se terem sido enviado funcionários para trazer Aristides, este lidera com a sua viatura uma coluna de veículos de refugiados e guia-os em direcção à fronteira, onde do lado espanhol não existe qualquer telefone. Por isso mesmo, os guardas fronteiriços não tinham sido ainda avisados da decisão de Madrid de fechar as fronteiras com a França. Sousa Mendes impressiona os guardas aduaneiros, que acabariam por deixar passar todos os refugiados, que com os seus vistos puderam continuar viagem até Portugal.
O seu castigo no Portugal de Salazar

A 8 de Julho de 1940, Aristides encontra-se regressado a Portugal. Será punido pelo governo de Salazar: ele priva Sousa Mendes, pai de uma família numerosa, do seu emprego diplomático por um ano, diminui em metade o seu salário, antes de o enviar para a reforma. Para além disso, Sousa Mendes perde o direito de exercer a profissão de advogado. A sua licença de condução, emitida no estrangeiro, é-lhe retirada.

O cônsul demitido e sua família sobrevivem graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois dos seus filhos participaram no Desembarque da Normandia.

Ele frequentou, juntamente com os seus familiares a cantina da assistência judaica internacional, onde causou impressão pelas suas ricas vestimentas e sua presença. Certo dia, teve de confirmar: “Nós também, nós somos refugiados”.

Em 1945, Salazar felicitou-se por Portugal ter ajudados os refugiados, recusando-se no entanto a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático.

A sua miséria será ainda maior: venda dos bens, morte de sua esposa em 1948, emigração dos seus filhos, com uma excepção.

Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre a 3 de Abril de 1954 no hospital dos franciscanos em Lisboa. Não possuindo um fato próprio, foi enterrado numa túnica de franciscanos.
As pessoas salvas por Aristides

Cerca de trinta mil vistos foram emitidos pelo cônsul Sousa Mendes, dos quais dez mil a refugiados de confissão judaica.

Entre aqueles que obtiveram um visto do cônsul português contam-se:

Políticos:

* Otto de Habsburgo, filho de Carlos, o último imperador da Áustria-Hungria; o príncipe Otto era detestado por Adolf Hitler. Ele escapou com a sua família desde o exílio belga e dirigiu-se aos Estados Unidos onde participou numa campanha para alertar a opinião pública.
* Vários ministros do governo belga no exílio

Artistas:

* Norbert Gingold, pianista.
* Charles Oulmont, escritor francês e professor na Universidade de Sorbonne.

Reconhecimento

Em 1966, o Memorial de Yad Vashem (Memorial do Holocausto situado em Jerusalém) em Israel, presta-lhe homenagem atribuindo-lhe o título de “Justo entre as nações”. Já em 1961, haviam sido plantadas vinte árvores em sua memória nos terrenos do Museu Yad Vashem.

Em 1987, 17 anos após a morte de Salazar, a República Portuguesa inicia o processo de reabilitação de Aristides de Sousa Mendes, condecorando-o com a Ordem da Liberdade e a sua família recebe as desculpas públicas.

Em 1994, o presidente português Mário Soares desvela um busto em homenagem a Aristides de Sousa Mendes, bem como uma placa comemorativa na Rua 14 quai Louis-XVIII, o endereço do consulado de Portugal em Bordéus em 1940.

Em 1998, a República Portuguesa, na prossecução do processo de reabilitação oficial da memória de Aristides de Sousa Mendes, condecora-o com a Cruz de Mérito a título póstumo pelas suas acções em Bordéus.

Em 2006 foi realizado uma acção de sensibilização “Reconstruir a Casa do Cônsul Aristides de Sousa Mendes”, na sua antiga casa em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal e na Quinta de Crestelo, Seia - São Romão.

Aristides de Sousa Mendes não foi o único funcionário a quem o seu país não perdoou a desobediência apesar dos seus actos de justiça e humanidade na Segunda Guerra Mundial.

Entre outros casos conhecidos de figuras que se destacaram pela coragem e humanismo incluem-se o cônsul japonês em Kaunas (Lituânia) Chiune Sugihara e Paul Grüninger, chefe da polícia do cantão suíço de Sankt-Gallen.

in Wikipedia

Anónimo disse...

Álvaro Cunhal

Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de Novembro de 1913 — Lisboa, 13 de Junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um dos mais importantes resistentes ao Estado Novo, e ter dedicado a sua vida ao ideal comunista.


Índice
[esconder]

* 1 Biografia
o 1.1 Juventude
o 1.2 Oposição ao Estado Novo
o 1.3 Após o 25 de Abril
* 2 Obras
o 2.1 Colectâneas
o 2.2 Intervenção política e ensaio
o 2.3 Literatura
o 2.4 Artes Plásticas
* 3 Referências
* 4 Fontes
* 5 Ver também
* 6 Ligações externas

[editar] Biografia

[editar] Juventude

Álvaro Cunhal nasceu em Coimbra (na freguesia da Sé Nova), filho de Avelino Henriques da Costa Cunhal, advogado, liberal e republicano, natural de Seia, e de Mercedes Simões Ferreira Barreirinhas Cunhal, católica fervorosa.

A sua infância decorre em Seia. O pai retira-o da escola primária porque não queria que o filho «aprendesse com uma professora primária autoritária e a menina-de-cinco-olhos» [1]

Com 11 anos, Cunhal mudou-se com a família para Lisboa, onde fez os seus estudos secundários tendo seguidamente ingressado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde iniciou a sua actividade revolucionária.
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Álvaro Cunhal
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Em 1931, com apenas dezassete anos, filia-se no Partido Comunista Português (PCP), integra então a Liga dos Amigos da URSS e o Socorro Vermelho Internacional. Em 1934, é eleito representante dos estudantes no Senado da Universidade de Lisboa. Em 1935 é eleito secretário-geral da Federação das Juventudes Comunistas. Em 1936, após uma visita à URSS, é cooptado para o Comité Central do Partido Comunista.

Ao longo da década de 30, Cunhal foi colaborador de vários jornais e revistas como na Seara Nova e no O Diabo, e nas publicações clandestinas do PCP, o Avante e o Militante, onde escreveu artigos de intervenção política e ideológica.

Em 1940, Cunhal é escoltado pela polícia à Faculdade de Direito, onde apresenta a sua tese de licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização o que era já algo muito avançado para a época em questão. Apesar do ambiente pouco propício, a sua tese foi classificada com 16 valores (num máximo de 20 possíveis).

[editar] Oposição ao Estado Novo

Devido às suas ideias comunistas e à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo, esteve preso em 1937, 1940 e 1949-1960 (ao todo, esteve preso durante 13 anos, 8 dos quais em completo isolamento). A 3 de Janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizam a célebre fuga da prisão-fortaleza de Peniche possível graças a um planeamento muito rigoroso e uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.

Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.

Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, de 1961 a 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.

Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da influência que já nessa altura detinha no movimento comunista internacional. No dito encontro, mostrou-se um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.

[editar] Após o 25 de Abril

Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado entre 1975 e 1992. Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.

Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.

Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar. Faleceu em 13 de Junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral (a 15 de Junho), participaram mais de 250.000 pessoas[Carece de fontes?]. Por sua vontade, o seu corpo foi cremado.

Deixou como descendência uma filha, Ana Cunhal, nascida em 25 de Dezembro de 1960, fruto da sua relação com Isaura Maria Moreira.

Álvaro Cunhal fica na memória como um revolucionário que nunca abdicou do seu ideal.





Biografia

Álvaro Barreirinhas Cunhal, filho de Avelino Cunhal e Mercedes Cunhal, nasceu na freguesia da Sé Nova em Coimbra, no dia 10 de Novembro de 1913.

Álvaro Cunhal teve dois irmãos mais velhos, António José, que morreu em 1933, com vinte e dois anos, vítima de tuberculose, e Maria Mansuenta, que morreu em Seia, em 1921, com apenas nove anos, também vítima de tuberculose.

A sua infância foi vivida em Seia, terra de seu pai.

Com onze anos de idade muda-se com a família para Lisboa, onde faz os seus estudos secundários no Pedro Nunes e mais tarde no liceu Camões.


Em 1927, nasce a sua irmã mais nova, Maria Eugénia.

Em 1931, com dezassete anos, ingressa na Faculdade de Direito de Lisboa, onde inicia a sua actividade política. Neste mesmo ano filia-se no PCP e faz parte da Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional.

Em 1934 torna-se representante dos estudantes de Lisboa no Senado Universitário, mas devido à intensa actividade política a faculdade acaba por passar para segundo plano.

Segundo uma biografia publicada em 1954, pelo Secretariado do PCP, Álvaro Cunhal terá entrado na clandestinidade em 1935 e participado no VI Congresso da Internacional Juvenil Comunista em Moscovo.

Em 1936 entra para o Comité Central do PCP, que o envia a Espanha, onde vive os primeiros cinco meses da guerra civil.

Em Junho de 1937 é preso pela primeira vez. É levado para o Aljube e posteriormente transferido para Peniche. Um ano depois é libertado, mas por razões políticas é obrigado a cumprir o serviço militar, em Dezembro de 1939, na Companhia Disciplinar de Penamacor. Por razões de saúde, Álvaro Cunhal acaba por ser dispensado pela Junta Médica Militar.

Ao longo da década de 30, Cunhal foi colaborador de vários jornais e revistas, entre os quais se contam "O Diabo"; "Sol Nascente"; "Seara Nova"; "Vértice"; e nas publicações clandestinas do PCP, "Avante" e "Militante", onde escreveu artigos de intervenção política e ideológica.

Em Maio de 1940 é novamente preso e faz o seu exame final na Faculdade de Direito de Lisboa sob escolta policial. Apresenta uma tese sobre a realidade social do aborto, que seria avaliada por um júri composto por Marcelo Caetano, Paulo Cunha e Cavaleiro Ferreira, figuras destacadas do regime Salazarista. A sua classificação final foi de 16 valores.



Em 1941 trabalhou como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares, pai de Mário Soares, função que desempenhou até Dezembro do mesmo ano, altura em que entrou de novo na clandestinidade.

Em 1947, faz uma viagem clandestina à URSS, Jugoslávia, Checoslováquia e França, a fim de restabelecer as relações do PCP, com o movimento internacional.

A 25 de Março de 1949, Álvaro Cunhal é preso pela terceira vez, numa casa clandestina do Luso. Com ele são também presos Militão Ribeiro e Sofia Ferreira.

O seu julgamento ocorreu um ano depois. Neste julgamento Cunhal fez uma declaração em que se afirmava "filho adoptivo do proletariado" e dirigiu um forte ataque ao regime salazarista.

Foi condenado e preso na Penitenciária de Lisboa, sendo transferido para a prisão-fortaleza de Peniche em 1958.

Em 1953 desenvolve-se um movimento internacional de solidariedade pela sua libertação, que conta com a participação de inúmeros intelectuais e artistas estrangeiros. Destes destacam-se Jorge Amado e Pablo Neruda, que lhe dedica o poema "Lámpara Marina".

Dos onze anos que esteve encarcerado, foi mantido incomunicável durante catorze meses e passou oito em total isolamento.

Em Janeiro de 1960 dá-se a famosa fuga do Forte de Peniche.

A 25 de Dezembro de 1960 nasce a sua única filha, Ana Cunhal, fruto da sua relação com Isaura Maria Moreira.

Após a fuga, Cunhal fica ainda cerca de dois anos em Portugal, na clandestinidade. Durante este período viveu em casas clandestinas de vários pontos do país como: Sintra, Ericeira, Amadora, Coimbra, Porto.

Em 1961 é eleito Secretário-geral do PCP.

Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris onde vive clandestino durante cerca de oito anos. Assiste em Paris ao Maio de 68 e é lá que a Revolução de Abril o vai surpreender.

Regressa a Portugal a 30 de Abril de 1974.

A 15 de Maio do mesmo ano toma posse como ministro sem pasta no I Governo Provisório. Mantém o mesmo cargo nos II, III e IV Governos Provisórios.

Em 1975 é eleito deputado à Assembleia Constituinte e até 1992, altura em que se afasta do cargo de Secretário-geral do PCP, é eleito deputado à Assembleia da República, por Lisboa, em todas as eleições legislativas (1976; 1979; 1980; 1983; 1985; 1987). Só por curtos prazos ocupará esse lugar.

Em 1982 torna-se membro do Conselho de Estado, cargo que abandona em 1992.

Em Janeiro de 1989 parte para Moscovo, onde será sujeito a uma intervenção cirúrgica cardiovascular. Já recuperado, regressa a Portugal em Junho do mesmo ano.


No ano de 1992 abandona o cargo de Secretário-geral do PCP, que passa a ser ocupado por Carlos Carvalhas, e é eleito pelo Comité Central para o então criado cargo de Presidente do Conselho Nacional do PCP.

Liberto das suas funções de liderança partidária, Álvaro Cunhal, a par da actividade política corrente, assume claramente a sua condição de romancista e esteta. Neste sentido, em 1995 reconhece publicamente ser o romancista Manuel Tiago e um ano mais tarde publica um ensaio sobre estética, onde apresenta as suas reflexões neste domínio.

In Wikipédia

Anónimo disse...

QUEM E COMO ESCOLHER?


Mal por mal
Antes Salazar
Do que Cunhal.

António disse...

O Beijós XXI é um Blogue Livre e Democrático.

O Beijós XXI defende a liberdade de expressão.

O Beijós XXI respeita a diferença de credos.

O Beijós XXI respeita a diferença de convicções.

O Beijós XXI não pactua com extremistas sejam de politica de direita sejam de politica de esquerda, no entanto tem a obrigação estatutária de ser rigorosamente apartidário.

Beijós XXI não pactua nem nunca pactuará com lavagem de imagem de tiranos, ditadores ou defensores de ditaduras.

O Beijós XXI é um Blogue livre e independente de qualquer cor partidária ou qualquer religião.

O Beijós XXI recusa-se a ser palco de propaganda politica ou religiosa.

O Beijós XXI condena os totalitarismos e não lhes reconhece qualquer virtude nem sequer alguma vantagem histórica.

Para o Beijós XXI tanto o Dr. Oliveira S. como o Dr. Álvaro C., representam inequivocamente os extremos negativos da utilização abusiva da politica em prole do estado em detrimento do povo, tal como Saddam Hussein.

Anónimo disse...

António disse...

"E agora?

...

Até dói."

29-03-2007 1:08
______________

Quando se é livre!
Quando se é neutro!
Quando se é apolítico!
Quando se é ateu!
________________

Nada dói!

Consegue falar de todos e com todos ao mesmo tempo!

Anónimo disse...

@ António disse...

O Beijós XXI é um Blogue Livre e Democrático.

O Beijós XXI defende a liberdade de expressão.

O Beijós XXI respeita a diferença de credos.

O Beijós XXI respeita a diferença de convicções.

O Beijós XXI não pactua com extremistas sejam de politica de direita sejam de politica de esquerda, no entanto tem a obrigação estatutária de ser rigorosamente apartidário.

Beijós XXI não pactua nem nunca pactuará com lavagem de imagem de tiranos, ditadores ou defensores de ditaduras.

O Beijós XXI é um Blogue livre e independente de qualquer cor partidária ou qualquer religião.

O Beijós XXI recusa-se a ser palco de propaganda politica ou religiosa.

O Beijós XXI condena os totalitarismos e não lhes reconhece qualquer virtude nem sequer alguma vantagem histórica.

Para o Beijós XXI tanto o Dr. Oliveira S. como o Dr. Álvaro C., representam inequivocamente os extremos negativos da utilização abusiva da politica em prole do estado em detrimento do povo, tal como Saddam Hussein.

29-03-2007 16:21"
____________
O Blog, como coisa, é:

livre!
neutro!
apolítico!
ateu!
_____________

“Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus”.

Por ASM

Anónimo disse...

"(...)
Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito geral. Pude servir. »

Salazar

Anónimo disse...

Não sei porque tanta confusão em torno deste concurso, em torno da criação de um museu dedicado a salazar em santa comba dão, será que quem votou em salazar é ditador ?
já toda a gente viu que os contribuitores deste blog são fãs do aristides sousa mendes, e por isso estão sempre a criticar todo o que não o favorece, afinal onde está a democracia ?
e já agora o que fez aristides sousa mendes pelo nosso pais ?
Quanto a mim , não sei se merecia ser vencedor ou não , cada um tem a sua opinião , mas quando o cunhal merece o podio tudo é possivel ......

Anónimo disse...

pelos vistos não fui bem vindo , mas eu mando beijós a toda a gente.

António disse...

Idiota,
Bem-vindo ao Beijós XXI,
Manda Beijós a toda a Gente.

Nuno disse...

idiota,onde está a democracia?!
É precisamente por estarmos numa democracia que aqui no blogue podemos tomar a posição que quisermos e exprimir a opinião que bem entendermos!
Não foi por não ter feito nada pelo nosso país que deixa de ser um grande português.
E duvido que quem tenha votado em Salazar seja ditador, a não ser que, por exemplo, o Fidel Castro e o Kim Jong-il tenham votado.

Anónimo disse...

Aristides de Sousa Mendes não terá feito muito.
Talvez tenha sido uma gota de água, perante o imenso mar de gente que procurava fugir aos horrores das perseguições no Holocausto.
Mas o empresário tcheco "Oskar Schindler salvou cerca de 1200 judeus e foi mais enaltecido do que Aristides de Sousa Mendes, que salvou mais de 30.000.

Todavia, comparando com Cunhal, que ficou no segundo lugar, interroga-se:

Qual foi o papel do Cunhal?
Acabamos de ver que, mesmo preso e levado sob detenção à universidade, acabou o seu curso de direito em Portugal, defendendo a sua tese com o aborto e vejamos que o Dr. Marcelo Caetano (fascista) também fez parte do júri e, mesmo assim, não me parece que lhe tenham negado uma nota de 16 valores.
Que rendimento deu a Portugal em recompensa do curso que lhe deixaram acabar?
O rendimento que terá dado foi na URSS!
Quando se deu o 25 de Abril de 1974, cinco dias depois veio a correr, com intenção de tomar conta de Portugal. Seria para se tornar Governador deste ... província Soviética?

Talvez tenha havido injustiça na votação. Mas as vozes discordantes não olham para os resultados desse concurso como exaltação da obra de Salazar. O que estará aqui em causa, perante os comentários mais correntes, será a situação actual que o nosso País atravessa. O que terá feito com que muita gente tivesse optado por votar em Salazar, terá sido a comparação da situação actual, com a que se vivia no tempo em que ele tomou conta do poder, em 1926.
Tenho para mim que, se a situação do País estivesse diferente e se a situação de Aristides de Sousa Mendes já tivesse sido mais divulgada, seguramente que ele teria ficado mais bem classificado.
Temos que ver que ASM vem sendo falado há muito pouco tempo. Era um desconhecido para a maior parte dos portugueses.

Anónimo disse...

Parece que já em 1935, Fernando Pessoa teve a premonição que ia ser "batido" pelo Salazar no concurso da RTP! Talvez por dor de cotovêlo, lhe dedicou um poema :)Aqui vai um excerto.


António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular...
António é António
Oliveira é uma árvore
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
(...)
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
(...)
Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho
Nem até
Café.

Micas10 disse...

Este concurso teve a virtude de por muita gente a pensar nos actos e nas figuras mais importantes da história portuguesa, isso já é de louvar.

A nossa história tem muitas coisas de que nos devemos orgulhar e outras menos, mas só o podemos fazer se conhecermos umas e as outras. Também as figuras históricas eram humanos, com defeitos e virtudes, uns mais que outros.

Cada um dirá com quem se identifica, quem mais admira, quem prefere apontar como exemplo para os jovens. Em Beijós houve muita gente que sofreu bastante com os abusos do salazarismo.

É verdade que Salazar fez muito para estabilizar a economia caótica, mas depois continuou a apertar para reduzir drasticamente a dívida pública, uma cois que nenhum economista defende.

Em vez de usar a sua inteligência para levar o povo português a superar o seu atraso, como fizeram outras grandes figuras como D. Afonso Henriques, o Infante D. Henrique, D. João II, ou o Marquês de Pombal, ele fez por impedir o desenvolvimento de Portugal.

Até ao ridículo de impedir os metereólogos de contrariar a opinião os seus chefes, como se o cargo de chefia concedesse capacidades especiais na previsão do tempo.

Infelizemente, aparecem muitos fundamentalistas diariamente na televisão a tentar dominar e subjugar o espíritos dos seus povos.

Esta votação é uma grande manifestação da nossa democracia, votos de coragem aos povos que ainda a não conseguiram conquistar.

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