Documentos antigos de Beijós - 3
Transmissão onerosa do direito à partilha da água na poça do Val (1868)
Este por nós mandado fazer e a rogo da vendedora abaixo assignada dizemos nós eu Jose Rodrigo de Campos iminha molher Maria Margarida moradores na Carregueira de Beijos do Julgado do Carregal que he verdade que nos vendemos de hoje para todo o sempre a Luis Marques ia sua molher do mmo logr a saber lhe vendemos toda a Agoa que nos pertencia da poça do Val pella quantia de 2400 reis livres de sisa para nos vendedores cuja quantia confessamos a ter recebido a fatura deste em bom dinro corrente, e por este desde já lhe damos toda a prope e dominio e açao que na dita poça tinhamos ficando nós desde hoje para sempre sem direito algum nem a regas nem a caminhos para a dita poça, ipor toda a segurança desta venda nos obrigamos por nossas pessoas ibens presentes ifuturos iquisemos que este valha itenha força ivigor em Juizo ifora delle como se fora huma Escritura publica, e por tudo ser verdade rogamos a Antonio Coelho Abrantes deste mesmo logar para que este nos fizese i a rogo da vendedora o signamos e o qual eu sobre dito do seu rogo fis e a rogo da vendedora assignam.
Forão Testemunhas presentes ao fazer deste Augusto Cezar de Mello barbeiro e João Marques Peixeira proprietário que todos aqui assignamos depois deste lhe ser lido e declarado feito hoje aos 29 dias do mes de Março de 1868
11 Beijos:
Há por aí algum satélite que apanhe a poça do Val?
E quem identifica parentes dos mencionados no documento?
Há um que é meu Trisavô.
Realmente há um trisavô, mas não quem estás a pensar :)
Não, é quem estou a pensar, o Luis Marques.
Á um João Marques Peixeira mas não é o que era meu Bisavô, esse nessa altura ainda não era nascido.
"Meu" (nosso).
Luis Marques é nosso trisavô, é o elemento 32 nesta árvore.
A testemunha João Marques Peixeira é pai do elemento 36 da mesma árvore, ou seja é nosso tetravô.
Sem ele não haveria Beijós XXI, porque dele descende o criador do blogue, António, além dos fundadores Beijokense, Micas10, Batista e Victor Peixeira Marques.
Então e dos outros nomeados, alguém tem palpites?
Adorei...
Para além da escrita com palavras actualmente bem diferentes, saliento a caligrafia do escrivão, letra muito bonita.
Já agora Beijokense, onde desencantas-te este documento?
Publica mais, porque é deveras interessante.
É verdade, caros leitores, somos (quase) todos primos !
É que naquele tempo os que não casavam em Beijós casavam no Penedo ou nas Póvoas. Namoros em Cabanas ou em Canas não sobreviam à distancia de uma hora ou mais (a pé).
Será a poça do Val alguma das poças da carregueira que hoje pertence à minha avó?.
Não J. Batista, o Val é na Roçadas.
Batista,
O sr. António Carvalhal cedeu ao Beijós XXI para digitalização e eventual publicação um lote com cerca de 20 documentos manuscritos do séc. XIX
Para além de serem referidos nomes dos nossos antepassados, os docs. são interessantes pelo testemunho que dão sobre as suas vidas. No caso deste doc. é evidente a importância da água, o direito à rega numa poça de partilha foi alienado por uma quantia considerável (no referido lote de docs. é possível verificar que o mesmo Luis Marques comprou várias propriedades por valor inferior ao deste direito de rega).
Nas próximas semanas publicarei outros docs. com outros tipos de negócios...
E ainda se diz que a água devia ser de graça, quando é de facto um dos bens mais valiosos do planeta.
Que o diga quem a não tem.
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