Energia da biomassa florestal (I)
O texto que se segue reune alguns dados apresentados no Seminário sobre “Energia da Biomassa” que decorrera em Viseu, na Escola Superior de Tecnologia (Instituto Politécnico) no dia 7 de Abril e já noticiado no Beijós XXI.
Energia da biomassa florestal (I)
No distrito Viseu há 30 equipas de sapadores florestais que, ao serviço de Associações de proprietários, têm por missão proceder à limpeza das matas e de outros terrenos.
No país haverá cerca de 300 equipas de sapadores florestais. Uma equipa é formada por 4 ou 5 pessoas.
A primeira função económica das matas, no caso da Beira Alta, constituídas principalmente por pinheiro bravo e por eucaliptos, é a produção de madeira.
Mas há uma quantidade apreciável de resíduos ou sobras, que se pode designar por biomassa florestal.
A biomassa florestal é proveniente de:
- Pontas e ramos resultantes de cortes de árvores.
- Pequenas árvores resultantes de desbastes.
- Desmatação (limpeza das matas), material menos rico em material lenhoso e menos energético.
Vantagens da utilização desta biomassa para a produção de energia:
- Valorizar um subproduto e assim contribuir para aumentar o rendimento dos proprietários.
- Reduzir a possibilidade de propagação dos incêndios florestais.
- Melhorar o crescimento das árvores que importa manter.
- Promover o desenvolvimento sustentável da floresta e do meio rural.
Na Beira Alta há actualmente uma Central Termoeléctrica que funciona queimando esses resíduos da floresta. É a Central Termoeléctrica de Mortágua.
Esta central apenas aproveita 30% do potencial energético da biomassa que usa.
É uma Central com tecnologia dita de 1ª geração, pouco eficiente quer no seu processo de transformação quer quanto à quantidade de electricidade gerada a partir de uma tonelada de resíduos.
Entretanto, estão a decorrer concursos para outras 15 Centrais que vão utilizar, como combustível, biomassa florestal.
Uma vez essas centrais a funcionar, há quem suspeite que os resíduos florestais economicamente utilizáveis (os que estão em terrenos inacessíveis ficarão lá para sempre) sejam insuficientes para o seu funcionamento normal e surja alguma pressão para o abate precoce de árvores ou a substituição do pinheiro pelo plantio de árvores de crescimento mais rápido, como o eucalipto.
Energia da biomassa florestal (II)
Porque é que a energia da biomassa é importante?
Portugal comprometeu-se, no âmbito da União Europeia, a que a Energia consumida no país seja 39% de Fontes de Energia Renovável (FER) em 2010. (Directiva Europeia).
Entre estas estão a hídrica (barragens), a eólica, a solar (ainda uma das mais caras) e a da biomassa (florestal e urbana). A energia produzida a partir das ondas marítimas ainda não tem expressão em Portugal.
Dado o atraso do país em FER, para se atigir 39% de toda a energia consumida o crescimento da produção de Energias Renováveis tem que ser fortíssimo até 2010, o que não se figura nada fácil.
Portugal importa (compra ao estrangeiro) 85% da energia que consome, muito mais que a Espanha (76%), Grécia (68%) e França (51%).
Diminuir esta dependência do exterior, só pode ser uma coisa boa para Portugal.
Por outro lado, Portugal precisa de reduzir a emissão de CO2:
No âmbito do Protocolo de Quioto, Portugal pode aumentar a emissão de dióxido de carbono (CO2), gás com efeito de estufa por razões de desenvolvimento económico.
Mas em 2006 já atingiu o valor que só poderia atingir em 2010.
E não será por causa do desenvolvimento industrial entretanto verificado (que continua a ser medíocre) mas sim pelo desleixo no controle das emissões de CO2, queima de petróleo em excesso, entre outras razões.
Os países que ultrapassarem os máximos de emissão de CO2 previstos no Protocolo de Quioto vão ter que comprar quotas de emissão aos países que emitem menos do que lhes é permitido. Está formado um mercado internacional de quotas de emissão dos gases com efeito de estufa.
O preço internacional de 1 tonelada de CO2 em 2005 era já de 25 euros e tudo indica que irá subir nos próximos anos.
Felizmente que começam a existir regras cada vez mais penalizantes para quem polui.
E no contexto internacional, um país com pouco poder como Portugal, não pode brincar nem assobiar para o lado.
Ou há um travão na emissão de CO2 (um dos mais importantes gases com efeito de estufa) e a situação melhora ou isto vai sair bastante caro a Portugal."
texto de:
Dr. António Abrantes
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1 Beijos:
Este é um assunto importante, tanto mais que no dia 22, Sábado se festeja o dia internacional da Terra, os problemas ambientais têm que ser encarados de uma perspectiva mundial.
Mas, cada um de nós tem um papel fundamental no dia a dia, respeitando o ambiente.
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