Democracia
Tem muitos defeitos, mas ainda é o melhor sistema de governação que conheço! Passe a ironia, dou graças a Deus porque não vivo num sistema teocrático, nem despótico, e espero continuar por muito tempo livre dos fundamentalismos.
A que propósito vem esta conversa? Bom, o nosso sistema de governo local implica que os beijosenses elejam uma Assembleia de Freguesia que nos representa e da qual emana o poder executivo exercido pela Junta. Há quatro meses, uma larga maioria de beijosenses elegeu uma determinada lista de candidatos, encabeçada, naturalmente, pelo actual Presidente da Junta. Para as competências legalmente estabelecidas, os beijosenses estão neste momento representados por uma Assembleia e, indirectamente, nas tarefas executivas, pela Junta. Para que o sistema funcione e haja candidatos motivados para nos representar, espera-se dos representados o respeito devido a tão nobre tarefa… a alternativa é a desacreditação do sistema e (retorno à) lei do mais forte!
Blá, blá? Não! A lei do mais forte é preconizada a todo o momento, talvez por quem não convive bem ou está desiludido com a (imperfeita, já disse) democracia. Esse é um dos aspectos que me preocupa, dados os comentários ontem produzidos por Marquês do Pombal e um anónimo, que apaguei, e outros, de Viseu e anónimos, que se mantêm no blog porque nos parecem menos graves, mas não deixam de ser preocupantes. Mesmo sendo escritos sob tensão, o que é notório é que se fôssemos governados por essas pessoas as podas seriam mais radicais, uns seriam podados e outros ceifados!
O que fazer quando sentimos que os nossos representantes não correspondem ao que deles esperamos? E quando sentimos que não estão a defender o interesse colectivo? Numa comunidade pequena, a forma mais eficaz é o diálogo por interpelação directa. Se não resultar, há as vias judiciais ou policiais, se aplicáveis — providência cautelar, por exemplo, o que tem a vantagem de haver um árbitro que decide o que é interesse colectivo, se houver sobre ele visões conflituantes.
Posto isto, e uma vez que a poda está feita, gostaria de sugerir que nós, beijosenses empenhados no futuro da nossa terra, pudéssemos actuar a dois níveis:
1. apuramento de responsabilidades, envolvendo o processo de decisão e execução da poda:
1.1. quais foram as razões que levaram a idealizar-se uma poda? i.e., não acredito que alguém tenha acordado mal disposto e decidido que era necessário podar, deve haver uma justificação!
1.2. a execução da poda foi decidida em reunião de Junta? Em Assembleia de Freguesia?
1.3. que pessoas e entidades foram consultadas? Que pareceres há? Verbais? Escritos?
1.4. a execução seguiu algum desses pareceres? Os executantes tinham as competências necessárias?
2. (para mim, o mais importante) promover a disseminação do conhecimento actual sobre a importância dos nossos recursos e as ameaças a que estão sujeitos — falo de todo o tipo de recursos, mas, neste particular, dos naturais. Estou plenamente convencido que muitos beijosenses não se dão conta dos erros que estamos cometendo nos cuidados não só das árvores que são património colectivo, mas de todos os recursos naturais.
2.1. quais as espécies que deveríamos ter na nossa floresta?
2.2. quais as árvores que se devem podar, quando e como?
2.3. porque tanto se recorre sistematicamente a herbicidas?
2.4. porque há cada vez mais relvados?
2.5. como utilizar fungicidas e pesticidas? e adubos químicos?
Faço votos para que o Beijós XXI, sendo a ágora que reclamamos na introdução, possa ser indutor destes dois níveis de acção (ou de outros que queiram sugerir).
Links para post's idênticos:
No Beijós XXI:
SOS Carvalhas
Vídeo - Carvalhos Podados
Carvalhos Centenários - Poda Radical
Recordando as Nossas Carvalhas
Nas Carvalhas ...
No Blogue Dias Com Àrvores:
Carvalhos e carvalhas, carvalheiros e carvalheiras
Dias Sem Àrvores
Blogue Dias Sem Àrvores
12 Beijos:
subscrevo na integra.
idem, idem, ""
É isso mesmo, apesar da gravidade da intervenção nas Carvalhas, o caso tem de resolver-se por métodos mais inteligentes do que os que ali tiveram lugar.
O que me parece é que não podemos ficar pasmados, mas sim tomar as iniciativas por forma a apurar responsabilidades e prevenir a repetição de danos nos recursos naturais ainda por cima património público.
Beijokense:
Concordo em parte com o teu texto, mas não te esqueças que apesar de eleitos pelo voto do povo ( com uma grande maioria ), isso não lhes confere o direito ao abuso. Neste triste caso, a minha opinião é que não houve da parte da Junta( ou do SR. Presidente)o cuidado necessário a tal intervenção.Digo Sr. Presidente, porque sei que não houve acordo total dos três elementos.O Beijós XXI teve o mérito de fazer com que as nossas autoridades locais andassem á pressa, depois do mal estar feito a arranjar documento por escrito, e enviado por fax, afim de ser entregue ás autoridades.
Concordo contigo, a democracia é o melhor sistema, ainda que nos tempos de hoje, já muito falível.Com o voto popular o hamas chegou ao poder na Palestina, e não é por isso que deixou de ser uma organização terrorista.
É total verdade o que dizes, Batista.
Mas, neste momento o que verdadeiramente interessa é evitar que façam o mesmo às 3 tristes arvores que restam, coitadas não têm pernas para fugir, se não já não estariam em Beijós.
O apuramento de responsabilidades, deverá ser preocupação de todos, para os quais "a indiferença é a pior das cobardias", como disse o filósofo, após a garantia de que os 3 carvalhos, que se encontram cercados, estejam a salvo.
Beijós
É com profunda tristeza que o digo, fica conhecido como não tendo o mínimo respeito por um património arvoreo que atravessou várias gerações.
MAS POR AMOR DE DEUS, MOSTREMOS AGORA A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA NÃO DIZERMOS OU FAZERMOS COISAS QUE NOS DESTRUAM COMO POVO.
Povo é aquele que se identifica entre si, pelas suas raizes, convicções históricas, orgulhoso dos seus antepassados e fé nas gerações futuras.
Que o MEDO não nos obrigue à indiferença nem à vingança cega.
Ainda assim continuo a acreditar que tenham feito aquela ESTUPIDEZ, julgando estarem a fazer o mais acertado.
Estranho é que a Direcção Geral dos Recursos Florestais, pelo Eng. Cunha, de Viseu e as autoriades com competência para a protecção da natureza e do património arboreo tivesse corroborado com este acontecimento.
Mais estranho ainda, foi o facto de vários Beijosenses terem efectuado contactos, no dia 16 de Fevereiro de manhã, ainda a 'PODA ESTREMA' ia a meio, especialmente para a GNR de Carregal do Sal, tendo os mesmos se deslocado ao local, altura em que ainda nem sequer havia qualquer ofício do Engº Cunha, tendo os mesmo presenciado o horrendo espectáculo e foram embora permitindo que aquela vergonha continuasse.
Mas como disse, agora o que verdadeiramente interessa é salvar os 3 carvalhos que nos restam e esperar, como disse o Jbatista, que não venha gelo nos próximos dias, a natureza se háde encarregar de fazer renascer os nossos Carvalhos.
Quem sabe, este erro, venha a servir de exemplo para evitar outros idênticos na nossa terra ou até no nosso país.
Tens razão, Batista, mas o que dizes em nada contraria o meu texto, parece-me.
eu cá não posso fazer nada porque lhe devo favores.
Estou totalmente de acordo com este post.
Beijokense, este post mostra a pessoa que és, e que tens vindo mostrar ser ao longo dos posts que tens escrito no Beijós XXI, mostrando seres um acérrimo defensor de Beijós e do seu patrimónia e das suas causas em particular.
Acho que as pessoas que ajudaram a clarificar tudo o que passou, seja com fotos, vídeos, telefonemas, idas ao Carregal, etc., merecem um sinal de agradecimento por tudo o que fizeram pelas Carvalhas.
Acho que está tudo dito. De certo o Sr. Presidente fez isto com boas intenções, mas acabou por acontecer este desastre.
Cortar ramos que pusessem em causa a segurança das pessoas. Tudo bem. Agora cortar o mal quase literalmente pela raíz? Porquê?
OH Nuno eu posso quero e mando Será que o antigo Presidente fazia o mesmo? eu já lhe perguntei e sabes a resposta - ele é maluco, quer fazer tudo´`a maneira dele
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