Pais Natais Beijokenses

Algo capta a nossa atenção no Natal beijokense 2005: Pais Natais em dificuldade nas varandas, certamente frustrados por não atingirem o objectivo. Estranho — não chegam por via aérea? Por que raio estarão eles a tentar escalar? Depois de muito reflectir, acho que cheguei a uma resposta, mas fica para mais tarde. Agora vamos lá saber quem representam estes bonecos.

O Pai Natal, tal como o conhecemos, nasceu (já velho) em 1931, filho de Haddon Sundblom, publicitário encarregado da imagem da Coca-Cola, mas Santa Claus é uma longa evolução da lenda de S. Nicolau. Este terá sido Bispo de Mira (importante cidade nos primórdios do Cristianismo, na Lícia, costa sudoeste da actual Turquia), no séc. IV. Para além de milagreiro, Nicolau ganhou uma reputação de protector e benfeitor dos mais desfavorecidos, sendo por estes muito venerado no I milénio d.C. na Ásia Menor e Balcãs. Durante a Idade Média, na Europa, sobretudo no Norte, o bispo Nicolau torna-se figura principal dos ritos de distribuição de prendas às crianças (bem-comportadas, obviamente), realizados a 6 de Dezembro, o dia ainda hoje consagrado a S. Nicolau. Supõe-se que terão sido os holandeses que levaram consigo Sinterklaas para Nova Amesterdão, rebaptizado de Santa Claus quando a cidade passa a Nova Iorque. É neste Novo Mundo que o antigo bispo perde a mitra, passa a residir no Pólo Norte (quem se lembra que veio do Mediterrâneo?) e a viajar velozmente por via aérea num trenó de oito renas, assumindo finalmente a figura dum velho bonacheirão vestido pela Coca-Cola.

E então, o que se passa com os Pais Natais de Beijós? Bom, o problema não é serem made in China, o problema é a falta de renas! Os trenós dos Pais Natais beijokenses são puxados pelos animais que povoam a aldeia nos dias festivos — as cabras! Os Pais Natais chegam mesmo a dispensar os trenós e cada um apanha a sua própria cabra, sendo perfeitamente compreensível a dificuldade em chegar à chaminé.