Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

domingo, 19 de novembro de 2006

Aulas de substituição constestadas


Segundo noticia no Diário Regional de Viseu, os estudantes do secundário manifestaram-se no Rossio contra as aulas de substituição. E parece que outras das reivindicações dos estudantes são o fim das notas mínimas no acesso ao ensino superior.

Custa a acreditar que adolescentes de 15-18 anos continuem a preferir "os furos" quando os professores faltam, e que depois queiram facilidades para avançar na carreira académica sem cumprir os requisitos mínimos de aproveitamento escolar.

Em que mundo é vivem os estudantes de Viseu e com quem é que se preparam para concorrer ?
Será apenas com os futuros profissionais de Leiria, ou também com os actuais estudantes de Barcelona, ou de San Francisco, ou de Xangai, ou de Bangalore, ou de Casablanca ?
No mundo cada vez mais concorrencial onde engenheiros da India e empresários da China fornecem produtos e serviços em regime de tele-trabalho e outsourcing, os "futuros engenheiros de Viseu" estarão aptos, ou apresentarão as sequelas de tantos "furos" ao longo dos 12-17 anos de vida académica ?

Em vez de reclamaram melhor qualidade do ensino secundário, que é pago pelos contribuintes com grande sacrificio, mas que continua a ser o elo mais fraco do sistema escolar português, os estudantes contestam mesmo o esforço das escolas em substituir os professores em falta, a fim de receberem as horas de aula contratadas.

Estes adolescentes contestatários terão mesmo 17 anos, ou apenas 7 anos ?
Será que ainda não compreenderam as razões para estudar, razões para fazer um bom 12º ano do ensino secundário ?

Combate ao abandono escolar
Ver sondagem - razões para voltar a estudar

29 Beijos:

Anónimo disse...

É certo que alunos do secundário deveriam ter mais responsabilidade, mas eu não estou de acordo com o tom geral deste post, que coloca a culpa em cima dos alunos.
Antes, gostaria de centrar a questão nos professores faltosos. Como se permite que haja tantos professores que não conseguem cumprir o seu sonho, não conseguem entrar no sistema, enquanto os que lá estão se permitem baldar-se com impressionante regularidade?
O que motiva os professores que não faltam e o que leva outros a estarem-se nas tintas?

RIBABOA disse...

Antes de dar a minha opinião quero dizer que sou membro de uma Assoc. Pais e tenho um filho no 4º ano e uma filha no 9º.
Há dias a prof. de Inglês dos prolongamentos disse: "Isto não é obrigatório".
Como penssam que reagiram os miúdos de 9 anos?
Não conta para as notas, não faço, não vou. A Professora, penso eu, arrependeu-se no minuto seguinte mas, estava dito. Dá para entender?
Um professor, por exemplo, de História, que vai substituir um prof de matemática a alunos de 14 anos e diz: "não percebo nada de matemática nem sei o que estou a fazer aqui" o que é que espera?
é evidente que os adolescentes se agarram a isso para preferir o furo.Nós também lá andamos.
O que acontece é que, entre o Ministério e os Professores não ficou tudo transparente. Disseram aos professores para dar aulas de substituíção mas não lhes disseram de quê. E eles, à boa maneira portuguesa, fazem o mais fácil: "Daquilo que sei não falo porque não me pagam para isso".
Conheço professores bem formados que dizem: "Não sei nada de matemática mas sei de história. Que matéria estão a dar? Querem falar sobre isso?"
Aí os alunos percebem que não a desperdiçar tempo e os professores e os alunos ganham hora e meia de cultura ou pelo menos de cidadania.
Estamos a pagar a falta de educação civica e de principios de cidadania que não nos foram dados durante estes trinta anos e que hoje fazem falta quer aos governantes quer aos docentes para que os nossos jovens, quando forem governantes, docentes ou simplesmente pais não cometam os mesmos erros.
Aproveito para informar de um novo blogge: NELAS HUMANISTA.

António disse...

Ribaboa,
Bem-vindo ao Beijós XXI,
Manda Beijós a toda a Gente.

Micas10 disse...

O tom do artigo é bastante critico, admito.
No caso da manifestação, só está em causa o comportamento dos alunos, e aponta-se uma alternativa, de insistirem nos seus direitos de ter professores para todo o horário, isto é os serviços contratados entre os contribuintes e a escola.
Uma criança de 7-8 anos pode preferir "um furo", mas um jóvem quase adulto de 17-18 anos já tem capacidade para reconhecer que está a ser prejudicado.

Anónimo disse...

A culpa não é certamente de ninguém.

É certo que as aulas são "para o bem dos alunos".

É óbvio que quando um professor falta os alunos são prejudicados.

É possível que os professores tenham grande taxa de absentismo.

É natural que os professores não queiram efectuar as aulas de substituição sem sentirem apoio e benefício nessa tarefa,

É indiscutível que 95% de nós com 17 anos também escolhemos ter furo em vez de aulas, que julgávamos que não nos traziam nada de novo. Quantas vezes com razão.

Os governantes devem fazer as mudanças de cultura com a cativação das pessoas (professores e alunos) para essas mudanças.
A forma não será concerteza fácil mas a mudança sem a anuência das pessoas é seguramente mais complicada.

Anónimo disse...

estou de acordo com Ribaboa..

Quando houver consequências profissionais por terem sido cumpridos os objectivos ou não, talvez ocorram muito menos furos.

Enquanto, o sucesso ou insucesso dos resultados da população escolar, for económicamente indiferente aos corpos docentes, só os "tolos" é que se esforçam por remar contra tudo e contra todos.

É interessante que os jovens se manifestem, mas se estiverem esclarecidos melhor, porque o que parece estarem, é manipulados e orientados para as facilidades.
Motivem-se os alunos, em vez de se lhes dizer que esta ou aquela aula de substituição, não conta para nada.
Se uma aula não conta para nada é porque, nada com interesse, foi dito ou feito. Se nada de interesse, foi dito ou feito, é porque nada sabiam dizer ou fazer.

Já é tempo de se serem ministradas as aulas e a matéria previstas. É também uma forma de retorno dos impostos que se pagam.

Anónimo disse...

Ai se passa por aqui algum professor....vamos ter polémica na certa....

José Loureiro disse...

hawk76
é mais fácil haver polémica se passar por aqui algum burro do que se passar um professor

Anónimo disse...

Boa, bem observado ....

Anónimo disse...

A questão é mais complexa do que parece, porque com tanta reforma curricular e de todos os tipos, cada vez parece maior o fardo, quer dos alunos quer dos Profs..
E enquanto se tratar de um 'fardo' aqui e acolá agitado por interesses contrários, não passamos disto, com uma lamentável percentagem de alunos com grandes dificuldades em completar o secundário ou mesmo, abandono total.

Micas10 disse...

Compete aos alunos e aos pais serem mais exigentes, como consumidores, de um bom ensino.

Sabemos bem que o ensino não fica barato ao contribuinte, ao António Povinho.

Anónimo disse...

aqui está um erro, o que é que andavam a fazer? agora se explica porque que o meu chefe se anda a queixar das audiências. qualquer dia venho parar ao olho da rua.

Anónimo disse...

We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave the kids alone
Hey! Teachers! Leave the kids alone!

Micas10 disse...

Pois é, as músicas também servem para desorientar alguns...
enquanto outros estudam e aproveitam ...

Quem não aproveita... fica para trás

beijokense disse...

«Entretanto, a Federação Regional das Associações de Pais dos Distritos do Porto e Vila Real solidarizou-se com os protestos de alunos contra as aulas de substituição no Ensino Secundário. "As aulas de substituição no Ensino Secundário não deviam ser obrigatórias", disse Rosa Novo, secretária da Federação, justificando que os alunos deste nível de ensino já têm idade para decidir a melhor forma de aproveitar os "furos" entre as aulas.»
JN, 23/Nov

Eu acrescento: nenhuma aula deveria ser obrigatória para os alunos e todas deveriam ser obrigatórias para os profs

Micas10 disse...

Não, as aulas são pagas pelos contribuintes para que todas as crianças tenham educação.
Faltar às aulas é um desperdício, é como estragar comida, é ser mal governado.
Como se pode justificar desaproveitar uma oportunidade de aprender ?

Anónimo disse...

Estou no 12º ano no curso de científicos...à uns dias atrás ia ter a aula de biologia, a professora faltou e então como é óbvio tive aula de substituição, no horário normal eu ira ter biologia, mas veio uma professora de artes, eu repito artes, dar a aula de substituição, até aqui nada de anormal, a aula de biologia prossegui que foi um encanto, fizemos a ficha que nos foi entregue em menos de 20 minutos, mas a aula era de 90 minutos , a professora de artes sugeriu então que fosse-mos até à biblioteca mais concretamente aos computadores fazer uma pesquisa sobre a actual matéria dada nas aulas, mas assim que chegamos à biblioteca fomos informados que não poderíamos ir para os computadores pelo simples facto de estarmos em aula de substituição... ora então estivemos o resto da aula na sala a olhar uns para os outros... se a senhora ministra lê-se isto gostaria que me disse-se o que foi que eu aprendi nessa aula????
se tivesse furo sempre poderia ir até aos computadores da biblioteca fazer trabalhos, sim porque nem toda a gente tem possibilidades para ter computador em casa , e não são tão poucas as pessoas que não o têm, e muito menos Internet.... em vez de aulas de substituição não seria melhor garantir uma ajuda para que essas pessoas, sem tantas posses, pudessem adquirir um simples computador para os seus estudos???? eu acho que sim...
Concordaria com aulas de substituição se o professor que vai substituir fosse das mesma disciplina por exemplo do professor que faltou.... aí pelo menos poderia-imos tirar dívidas...

beijokense disse...

Citando Micas10:
«Estes adolescentes contestatários terão mesmo 17 anos, ou apenas 7 anos ?»
Presumo que a mensagem queira dizer que jovens com 17 anos sabem escolher, mas estes, que se manifestam, não sabem o que deveriam escolher e não têm «capacidade para reconhecer que est[ão] a ser prejudicado[s]».
Finalmente, Micas10 pergunta: «Como se pode justificar desaproveitar uma oportunidade de aprender ?»

Entretanto, uma representante duma Federação de Associações de Pais diz que «os alunos deste nível de ensino já têm idade para decidir a melhor forma de aproveitar os "furos"» e um(a) aluno/a dá um testemunho de algo que, aparentemente, é muito comum - ele/ela poderia aprender mais ocupando o tempo doutra maneira, em vez de ser obrigado/a a estar nessa aula.

A minha posição é - se queremos que jovens de 17 usem a cabeça para algo mais do que exibir penteados estapafúrdios, não podemos ser nós a dizer-lhes sistematicamente o que é o melhor para eles... eu estou no sistema de ensino desde os 6 anos, tenho 17 de experiência como prof. e outros tantos como aluno e, se há algo que já aprendi é: ninguém aprende obrigado.

P.S. isto não significa que eu não concorde que os alunos possam estar a ser influenciados pela resistência à mudança dos professores; além disso, como professor, reafirmo que considero inadmissível que um professor falte sem um motivo muito forte.

Anónimo disse...

É isso mesmo...parece-me que por decreto ou obrigação, é uma via sem resultados,nomeadamente quando se trata de ensinar e aprender.

Micas10 disse...

Ontem estive num convívio de antigos alunos do Colégio Nun'Alvares, com a venerável D. Arminda agora com 80 anos. No nosso tempo, diziamos nós, não havia "furos".
Eu nunca tive "furos", tempo de aulas desperdiçado. Nem na Escola Primária em Beijós, nem no Colégio no Carregal, nem nas outras escolas e universidades no estrangeiro.
O "Contrato para ensinar e aprender" tanto se aplica aos professores como aos alunos, já que é o contribuinte lhes paga para isso. Se os "furos" estivessem a ser bem aproveitados, os estudantes portugueses ficariam muito melhor quando comparados com os alunos espanhois, franceses, irlandeses, finlandeses.
Por cada bom aluno que aproveita o furo, há 15-20 alunos que não aprenderam nada de novo nesse período. E o que conta para o desenvolvimento do país não é o estudante brilhante que aprende quase sozinho, são os estudantes médios que vão ficando pelo caminho.

Quem paga um programa escolar com "furos" também compraria um carro com 3 rodas, ou uma casa sem janelas ?

beijokense disse...

@Micas10,

Os estudantes da Coreia, Japão e Finlândia destacam-se pelo seu desempenho superior. Podemos tentar aprender porquê e parece que a melhor explicação reside no facto de terem bons professores :)
Parece óbvio, não é? Pois, mas um professor só pode motivar alunos para que eles aprendam se ele próprio estiver motivado para aprender (e para trabalhar).
Não se pode motivar professores quando estes são escorraçados pelo Primeiro-Ministro, pela Ministra da Educação e, por arrastamento, pela opinião pública, quando esta é virada, pelo próprio Governo, contra todos os funcionários «pagos pelo contribuinte»*; quando são inpunemente agredidos pelos alunos e - literalmente - mordidos pelos pais...

Para saber mais

*É importante salientar que os contribuintes não pagam apenas os funcionários públicos, pagam muitas actividades privadas; pagam actividades subsidiadas; pagam obras de má qualidade pelo dobro do preço justo; pagam trabalhos de consultoria de má qualidade contratados directamente por governantes aos seus amigos; etc.

Micas10 disse...

Os testes internacionais PISA aos jóvens de 15 anos são uma forma interessante de calibrar os resultados das escolas portuguesas versus as estrangeiras. O que importa é o bom aproveitamento dos alunos, e admitamos que o aproveitamento médio dos jóvens portugueses não é famoso.
Assim sendo, há culpa e responsabilidade para todos, os professores, as escolas, os politicos, os pais, os alunos, e até os contribuintes por não exigirem melhores resultados.
Triste será o momento quando os "jovens pro-furos" chegarem aos 25 anos e tiverem que concorrer com os tais espanhois, finlandeses,irlandeses ou indianos que deram o programa escolar completo.
Talvez então percebam como se deixaram prejudicar.

Micas10 disse...

Estima-se que o PIB português poderia ter crescido mais 1,2 pontos percentuais cada ano, entre as décadas de 1970 e 1990, se os nossos níveis de escolaridade estivessem equiparados à média dos países da OCDE.
Ver http://cogir.blogspot.com/2006/11/os-nmeros-no-enganam.html

António disse...

Abelha Cor de Rosa,
Bem-vinda ao Beijós XXI,
Manda Beijós a toda a Gente.

Micas10 disse...

Muitos parabéns aos alunos da Secundária de Nelas pelo bom trabalho e pelo merecido prémio, é assim mesmo, mostrar o que valem. Essas adudas da UE são complexas pois é quase sempre financiar adiantado, seria interessante que as próprias autoridades e comerciantes locais ajudassem e reconhecessem o trabalho dos alunos.

Quanto ao quadro electrónico "que não é uma primeira necessidade", devem é ter um forneceder muito insistente. Seria interessante ver a justificação da compra, em termos de valor acrescendado no aproveitamento dos alunos.

Continuem estudando !

José Loureiro disse...

para rir !!!!!!!!!


uma senhora de noventa anos, encostada a uma bengala,chamou um taxista:- pode levar-me ao cemitério?
-mas devo trazê-la de volta ou é para lá ficar ?



no hospital:

-doutor, dê-me uma injecção antibritânica ....
- antibritânica?
o que o senhor quer dizer é antitetânica!
-não, DRº! é mesmo antibritânica.
é que fui agredido com uma chave Inglesa

Micas10 disse...

O ensino secundário é efectivamente o elo mais fraco do sistema de educãção português e o Presidente Cavaco Silva faz bem em continuar a chamar atenção ao flagelo do abandono escolar.

Anda p'ra aí muita gente muita gente distraída, e não são só os alunos ...

Anónimo disse...

para aulas de substituição

http://i.a.cnn.net/cnn/2007/US/03/01/teacher.arrest.ap/vert.ward.ap.jpg

Anónimo disse...

Um furo nas aulas é um tiro no pé

Enviar um comentário