Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Grandes Portugueses - Salazar e Cunhal entre os dez primeiros

Mas Aristides de Sousa Mendes também está entre os dez primeiros, afinal ainda há pessoas que sabem distinguir quem tem valor e lutou por causas.

Os políticos Álvaro Cunhal e António de Oliveira Salazar foram eleitos pelos portugueses entre as 10 maiores figuras nacionais de sempre, assim como poetas, reis, navegadores, diplomatas e estadistas que marcaram a História.
No programa da RTP1 «Os Grandes Portugueses», destacaram-se ainda os reis D. Afonso Henriques e D. João II, os poetas Luís de Camões e Fernando Pessoa, o navegador Vasco da Gama, os estadistas Infante D. Henrique e Marquês de Pombal e o diplomata Aristides de Sousa.
O programa televisivo começou em Outubro, tendo sido seleccionadas 100 das maiores figuras nacionais, das quais foram votadas no domingo as 10 consideradas mais importantes.
O primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1111-1185), foi um dos eleitos, nomeadamente, por ter definido o território que é hoje praticamente Portugal através das suas conquistas.
O impulsionador dos Descobrimentos portugueses, o Infante D. Henrique (1394-1460), e o rei D. João II (1455-1495) que, com apenas 19 anos, planeou a expansão marítima portuguesa e assegurou para Portugal a posse do Brasil e a manutenção do comércio com a Índia, foram também dos preferidos dos portugueses.
Os maiores poetas de língua portuguesa, Luís de Camões (1525- 1589), autor da obra épica «Os Lusíadas», e Fernando Pessoa (1888- 1935), que deixou uma obra única, pela sua duração, originalidade e universalidade, foram igualmente considerados símbolos de Portugal.
Os políticos do século XX António Salazar e Álvaro Cunhal também foram considerados marcantes na História portuguesa. António de Oliveira Salazar (1889-1970) dirigiu, de forma ditatorial, os destinos do País durante quatro décadas.
Instituiu a censura e a polícia política, criou dois movimentos paramilitares - a Legião e a Mocidade Portuguesas - mas equilibrou as finanças públicas.
O líder carismático dos comunistas, Álvaro Cunhal (1913-2005), considerado símbolo da luta contra o salazarismo, foi preso pela PIDE durante 11 anos e eleito secretário-geral do PCP em 1961.
O diplomata Aristides de Sousa Mendes (1885-1954) foi considerado um dos poucos heróis nacionais do século XX e o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial: não acatou a proibição de Salazar de se passarem vistos a refugiados e foi demitido compulsivamente, mas salvou a vida a milhares de judeus.
O estadista Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), marquês de Pombal, revolucionou o País a nível económico, educacional e cultural. Com o terramoto de 1755, provou as suas capacidades reformadoras e fez nascer uma nova Lisboa que sobrevive até hoje.
O navegador Vasco de Gama (1468-1594) realizou a primeira viagem marítima para a Índia e ligou definitivamente a Europa e a Ásia em finais do século XV.
A votação dos portugueses, por telefone, para escolher a maior figura nacional de entre os 10 finalistas começou às 00:00 de hoje e decorrerá até Março.
Na próxima terça-feira, a RTP1 divulgará o nome das dez personalidades públicas que assumirão o papel de defensores dos finalistas.
Portugal Diário

7 Beijos:

Nuno disse...

O historiador José Hermano Saraiva considerou hoje no programa "Praça da Alegria" que a eleição de Aristides de Sousa Mendes para os 10 primeiros foi "um lapso". Não explicitou as razões de tal comentário.

beijokense disse...

Eu não sei bem quais teriam sido as causas de Aristides, mas o importante é que teve consciência e desobedeceu a um déspota, provavelmente ainda confiante de que o convenceria das suas boas razões.
Os gémeos Sousa Mendes aplaudiram o golpe militar de 1926 que acabou com a I República. Eles eram católicos e monárquicos convictos, não morriam de amores pelo regime instaurado em 1910. À medida que a importância de Salazar aumentava entre as elites militares que apoiaram o golpe, aumentava também a simpatia dos gémeos pelo Prof. de S. Comba. Apreciavam nele o conservadorismo, o apego ao Portugal campónio e a rígida educação católica. Deve ter havido algo de recíproco na simpatia, de tal forma que, no primeiro Governo presidido por Salazar, entre Julho de 1932 e Abril de 1933, César foi o Ministro dos Estrangeiros.
Em finais de 1939, o Presidente do Conselho, que acumulava então a pasta dos Estrangeiros, criou limitações à emissão de vistos de entrada em Portugal, para evitar uma enxurrada de refugiados perseguidos pelos nazis. Provavelmente, temia que tal pudesse incitar uma subversão no nosso pacífico Portugal.
No 1º semestre de 1940, o Cônsul em Bordéus, por entre várias recusas de vistos que recebeu do Ministério, concedeu alguns, à revelia das ordens que recebeu, tendo sido ameaçado com processo disciplinar. Quando, em meados de Junho, decidiu "rasgar" de vez a Circular 14, eram já milhares as pessoas desesperadas que ocupavam as cercanias do Consulado, procurando escapar à morte anunciada.
Como se sabe, Salazar fez questão de castigar pessoalmente tal afronta, usando o seu poder discricionário para alterar a pena resultante do processo disciplinar. Não esqueceria Aristides e, quando ele morreu, fez questão de enviar um cartão de condolências a César.

Desculpem ter-me alongado, mas creio que pode ser um contributo para os leitores formarem uma opinião sobre o carácter de cada um destes dois "Grandes Portugueses".

Anónimo disse...

"...mas penso que Carregal tem dado lições ao país e ao mundo." (ver o post "Há festa no Bairro" aqui mesmo ao lado).
"...se o país hoje trabalhasse como nós trabalhamos, o país não estava na situação miserável que está, não estava na situação económica que está...".
Palavras de quem? De Atílio Nunes, obviamente.
Que ganda homem! Caramba!

Para quê mais explicações sobre Sousa Mendes? Que importa que tenha sido monárquico ou republicano, católico, judeu ou mesmo jeová.

Não tenho qualquer duvida que, quem deveria estar no grupo dos 10 portugueses mais notáveis está encontrado!...

Para mim é Atilio Nunes e, já agora acompahdo pelo Hermã(n)o Saraiva e os dois a ladear Salazar.

Que belo ramalhete, Que bela trempe!

Inda dubidam porque é que a Casa do Passal (o presidente da Câmara pertence ao Conselho de Administração da Fundação Sousa Mendes) continua de ruina em ruina?

ibotter disse...

Aristides Sousa Mendes
"O salvador de Vidas"
blog "município cannas de senhorym"

beijokense disse...

Malmequer, esse raciocínio é um bocado perigoso...

1. Ao contrário de Salazar, Atílio Nunes foi sempre democraticamente eleito; nem sequer vale o argumento do voto cego num partido, porque ele ganhou por partidos diferentes. Claro que podes argumentar que em democracia se elegem incompetentes, mas eu prefiro que assim seja, do que escolher o mais competente por nomeação.

2. "Para quê mais explicações sobre Sousa Mendes?"
Porque eu ainda não sei tudo sobre ele, seus valores e seus actos. No caso concreto, porque alguns sectores de certa "esquerda", na falta de figuras "antifascistas" que mereçam simpatia generalizada dos portugueses, tentaram fazer dele essa figura, o que é um completo absurdo! Em termos de ideologia, não vejo grandes diferenças entre Sousa Mendes e Hermano Saraiva. Ambos pensa(va)m que a trilogia Deus, Pátria & Família se sobrepõem a democracia & liberdade.

3. Na minha opinião, o facto de Sousa Mendes ser simpatizante do regime só engrandece o seu acto de ajudar milhares a fugir da perseguição nazi, porque sabemos que não o fez por motivos políticos, mas antes por "humanidade".

Micas10 disse...

A Câmara Municipal faz parte do Conselho de Administração da Fundação e tem certamente alguma responsabilidade pelo (pouco) andamento do projecto da Casa-Museu Aristides de Sousa Mendes, que poderia já ser um importante polo turístico para a região.

A gestão de um projecto tão complexo e ambicioso justificava um apoio muito mais tangível da parte da Câmara, como se tem visto no caso de museus noutros municípios.

Entretanto, continuaremos a ver a casa em ruinas, as ruinas do desentendimento.

Micas10 disse...

João Crisostomo, o luso-americano que tomou a iniciativa de tapar o grande buraco do telhado que deixava entrar água na Casa do Passal, está em Portugal estes dias. Crisostomo é um grande "amigo de Sousa Mendes" tendo também trabalhado para introduzir a história do diplomata no Museum of Jewish Heritage em Manhattan.

Enviar um comentário