No Domingo dia 26ABR2009, fui visitar minha tia Alda Augusta Vitória Nunes, nascida a 04AGO1928, que me contou uma Estoria:
«A certa altura na família, um seu tio-avô irmão de Margarida Perpétua d'Abreu Castelo Branco, sua avó, mãe de sua Mãe Maria da Anunciação Nunes, esta minha avó paterna e aquela minha bisavó. Esse seu tio-avó de nome Adelino Cardozo Ferrão d'Abreu Castello Branco, com 16 anos, menino bem, nunca havia trabalhado, foi aliciado a acompanhar um suposto parente que alegadamente estava bem instalado no Brasil e a quem prometeu que o guiava, afiançou a seus pais que a formação e futuro do jovem Adelino seriam muito mais promissoras no Brasil do que em Beijós.
A muito contra-gosto a mãe de Adelino fez-lhe a mala e mandou-lhe algum dinheiro (bastante para a época) e Adelino lá partiu de Navio Transatlântico com destino à "Terra Prometida", acompanhado do dito "primo" que se dizia abastado. Ao chegar ao Rio de Janeiro, o "primo" disse-lhe que aguardasse junto ao cais, que ele, levando as malas iria buscar o carro para o transportar para sua grande fazenda. Adelino esperou, esperou, fartou-se de esperar e nada. Anoiteceu e Adelino preocupado, com medo da enorme cidade, sem saber para onde ir, sem dinheiro, pois seu dinheiro havia seguido na mala que seu "primo" levara, resolver dormir num vão de escada ali perto.
No dia seguinte voltou ao cais, faminto, ainda julgando que havia sido algum desencontro e que seu "primo" não podia ser um burlão!
No entanto as horas e a fome fizeram-no cair na realidade e procurou onde pudesse comer algo, numa rua ali perto entrou num mercearia, enorme, como nunca havia visto nenhuma, onde vários empregados atendiam ao balcão, pesando a farinha, o arroz, açúcar, feijão e todo o tipo de mercearia para inúmeros clientes que enchiam a movimentada loja. Adelino, moço de fina família, com instrução ficou a reparar no atendimento feito por um empregado que com lápis fazia as contas no rol, livro onde cada empregado anotava tudo o que era vendido a dinheiro ou ficava em fiado, Adelino de cabeça fez as contas e verificou que as mesmas estavam erradas, com prejuízo do patrão, alertando o empregado este levou a mal tal ingerência tendo corrido com o rapaz à estalada e a pontapé, pondo-o na rua.
Adelino, cheio de fome, perdido numa terra distante, dorido da surra, chorava encostado à parede da loja, quando um sujeito de bom porte, aparência de bem sucedido, abordou Adelino perguntando:
- Meu rapaz, porque chora você?
Adelino contou ao senhor o que lhe havia acontecido, desde que atracara no Rio, finalizando com a porrada que levou por tentar corrigir o empregado que tinha feito as contas erradas com prejuízo do dono da mercearia. Que não outro senão aquele senhor que o confortava. Ao saber que um empregado seu lhe havia batido, quis que Adelino o indicasse , tendo depois o Patrão verificado no livro que de facto as contas estavam mal feitas prejudicando-o.
O dono da mercearia que tinha várias pela cidade, contratou de imediato Adelino, tendo despedido o mau empregado.
A filha única do dono das mercearias, apaixonou-se por Adelino, graças ao seu porte elegante e traços finos, seu pai ficou contente, pois já havia pensado nele como futuro genro.»
Depois, minha Tia Alda não sabe mais, só sabe dizer que Adelino foi bem sucedido no Brasil, no entanto nunca mais voltou a Beijós.
Minha tia me deixou fotografar uma fotografia que Adelino mandou para a família de Beijós, que ela guarda, junto lhe mando cópia, bem como dos dizeres no verso.
Este foi o email que enviei a Henrique Castelo Branco, neto de Adelino Cardozo Ferrão d'Abreu Castello Branco, morador no brasil, o qual não confirma esta versão da história.
Henrique descobriu o Beijós XXI hà cerca de um ano e contactou-nos, no sentido de descobrir familiares em Portugal.
130 anos depois de Adelino Castello Branco chegar ao Brasil, um dos seus netos descobre parentes em Portugal.
Ora, aqui fica uma fotografia de uma prima de Henrique Castelo Branco: Alda Augusta Vitória Nunes, nascida a 04AGO1928 com seu marido João da cruz Pereira, nascido a 02JUL1930, ambos nascidos em Beijós. Alda é neta de Margarida a qual era irmã de Adelino avô de Henrique.
Grande história.
ResponderEliminarEmigrar é para os fortes.
É preciso muita coragem para sair do seu ambiente familiar e conhecido e arriscar.
Ainda hoje, não se sabe bem ao que se vai, é necessário dar a volta por cima de muitos contratempos.
História impressionante!!!
ResponderEliminarGrande estória!!!!
ResponderEliminarCorrige lá as datas de nascimento, pois em Julho e Agosto de 2009, ninguem nasceu, certamente....
Adelino, Irmão de Alda?
ResponderEliminarNão compreendi muito bem!
Henrique procurou saber dos seus ascendentes portugueses num fórum de genealogia em Janeiro de 2004. Esperou três anos e três meses por uma resposta minha, mas acho que valeu a pena :)
ResponderEliminarVamos ver se não espera outro tanto para conhecer Beijós...
Descobri no passaporte de Adelino a seguinte menção:
ResponderEliminar«Barra de Lisboa no Pacífico. Recomendado a Lino Neves da Cunha companheiro de viagem»
Descobri também que este Lino era natural das Laceiras.
Só falta saber se existiria alguma relação de parentesco, mas a história contada pela sobrinha Alda é bastante plausível e deve ser este Lino o «suposto parente que alegadamente estava bem instalado no Brasil».
Estou muito feliz com essas informações, quer dizer, não com o sofrimento de meu avô! mas com tantos descobrimentos sobre esse bravo português que passou por maus momentos por aqui e saiu vitorioso! Esse é um exemplo de imigrante corajoso e empreendedor! No Brasil, além de ter participado da instalação dos telégrafos, foi fazendeiro, dono de fábrica de cigarros, explorador de minas, fabricante de ladrilhos, teve gado e foi responsável também pela formação da grande empresa Belgo Mineira, uma das atuais grandes empresas de Minas Gerais. Portanto, para quem chegou com uma mão na frente e outra atrás, foi um grande campeão! Sou orgulhoso desse meu avô e ficarei realizado no dia em que puder conhecer sua terra natal e dar um abraço na prima Alda!!! Obrigado Carlos!
ResponderEliminarDesculpem... o Anônimo acima sou eu, Henrique Castelo Branco!!!
ResponderEliminarHenrique Castelo Branco,
ResponderEliminarBem-vindo ao Beijós XXI,
Mande Beijós a toda a Gente.
http://digitarq.advis.dgarq.gov.pt/details?id=1140389
ResponderEliminarCaro anónimo:
ResponderEliminarFoi a partir desse registo que se chegou a este post:
http://beijozxxi.blogspot.pt/2010/06/criancas-beijosenses-emigradas-para-o.html