sábado, 26 de julho de 2008

Planbaixo Beirão

"Antigamente" - quer dizer, há 20 anos, porque há 30 não tínhamos água nem "fazíamos" lixo - o fornecimento de água e a recolha de resíduos eram feitos pela Câmara. Como "toda a gente" diz, funcionários públicos, malandros, só podiam prestar um mau serviço.
O país modernizou-se, as águas são do Planalto preço e do Planbaixo serviço, os resíduos geridos (??) por uma Associação do Planalto Beirão que já não faz sentido, desde que o Governo obrigou os municípios a criarem a AMRDL, o serviço de recolha prestado por uma empresa espanhola, portanto o serviço só pode ter melhorado!

Esta semana foram notícia:

  1. As Águas do Planalto cobram uma "tarifa de disponibilidade" que é superior ao "antigo" aluguer dos contadores (Diário de Viseu); donde se prova a inutilidade desta lei.


  2. Recolha selectiva não funciona (Diário de Viseu). O Presidente da Junta de Silgueiros tem-se queixado sistematicamente da não-recolha e «tem a certeza de que a Câmara era capaz de prestar um serviço muito melhor. "Tinham tudo planeado para um sistema autónomo de recolha, mas a autarquia foi obrigada a aderir ao Planalto Beirão e agora paga por um trabalho que é feito de forma deficiente"» afirmou ao DV.


  3. Ecopontos a transbordar (Jornal do Centro). Diversos autarcas contactados pelo JC confirmam que o problema está a «afectar a imagem e a credibilidade na defesa do meio ambiente». O administrador delegado do Planalto Beirão "queixa-se" de que as pessoas estão a "produzir" muito lixo, ou seja, a separar mais lixo do que o que os ecopontos podem receber!!! (Este argumento é fantástico - gasta-se uma pipa de massa em campanhas para separar, mas espera-se que as campanhas não produzam resultados, porque não há ecoponto que aguente).


  4. Fernando Ruas «ameaça cortar com o pagamento caso o serviço prestado pelo Planalto Beirão na recolha do lixo "não seja bem feito"» (Diário de Viseu). «"Não temos necessidade de pagar e ser mal servidos. Quem não paga e é mal servido não tem razão de queixa. Quem paga e é mal servido, só pode ser burro", frisou.»

Portanto, beijosenses e vizinhos, se não querem ser burros...

7 comentários:

  1. Os serviços públicos, (de água, residuos, transportes, etc) têm que ser melhores e mais baratos, para bem da nossa economia frágil. Melhorar os serviços públicos é essencial, quer sejam prestados pela Administração Pública e os municipios, quer sejam prestados por concessionárias privadas ou até estrangeiras. O que importa é que haja uma gestão mais profissional e boa defesa dos interesses dos utilizadores e contribuintes.

    Como os municipios individuais são bastante pequenos (o Carregal tem pouco mais de 11 mil de população), optou-se por agregar e associar vários municipios para criar economias de escala. Depois, a opção de concessionar o serviço público a empresas privadas/estrangeiras até pode ser vantajosa se a adjudicação for feita através de um bom concurso público internacional e se o contrato de concessão for bem fiscalizado pelo Concedente (a tal associação de municipios) e pelo o Regulador, neste caso o IRAR, www.irar.pt

    Como a adjudicação à CESPA terá sido feita por uma mera "ampliação" de um contrato existente, e como a fiscalização parece estar a falhar, é natural que o serviço fique aquem das nossas expectativas em termos de qualidade e de preço.
    Como o IRAR não pode estar em todo lado, teremos que ser nós a ajudar a fiscalizar a qualidade do serviço que pagamos, individualmente ou através de associações de consumidores.
    Contacte o IRAR http://www.irar.pt/presentationlayer/pedido_contacto_00.aspx

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  2. Concordo que não é viável a prestação de alguns serviços por um pequeno município, mas é o administrador do Planalto que «aponta como razões para o sucedido, a área de abrangência do Planalto Beirão. Anónio Pereira afirma que "tem uma população muito dispersa".»

    Este exemplo mostra bem que a qualidade do serviço não depende do facto do prestador ser público ou privado, a atitude do cliente face ao prestador é que varia!

    Mas há um grande risco nesta leva liberal de sujeitar todos os serviços públicos às 'leis' do mercado - «a população muito dispersa», nas palavras do administrador, é sempre mais mal servida e/ou paga os serviços mais caros. É o que está a acontecer - e vai piorar! - com a energia e as telecomunicações e não há nenhum regulador que o impeça, porque o problema não está no regulador, está no Estado. É preciso que o Estado (i.e. nós) decida se quer igualdade de oportunidade de acesso aos serviços em todo o território ou se quer favorecer ainda mais os que já têm maior rendimento, maior disponibilidade de serviços e preços inferiores.

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  3. Sim, certamente que o concessionário já sabia que da "população dispersa" antes de concorrer e ganhar o concurso para prestar o serviço.
    Isso não pode desculpar o mau serviço agora.
    A prestação de serviços públicos vai ficando mais caro à medida que se avança das vias centrais (aorta) para a periféricas (capilares), por isso a REDE tem que ser gerida no seu conjunto.

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  4. A Lei12/2008 de 26 de Fevereiro no seu Artº8º ponto 2 diz o seguinte-È proibida a cobrança aos utentes de:
    a)Qualquer importânciaa título de preço, aluguer,amortização ou inspeção periódica de contadores po outis instrumentos de medição dos serviços utilizados;
    b)Qualquer outra taxa de efeito equvalente à utilização das medidas referidas na alinea anterior, independentemente da designação utilizada;
    c)Qualquer taxa que não tenha uma correspondência directa com um encargo em que a entidade prestadora do serviço efectivamente incorra, com excepção da contribuição para o audio visual;
    d)Qualquer outra taxa não subsumivel às alineas anteriores que seja comtrapartida de alteração das condições de prestação do serviço ou dos equipamentos utilizados para esse fim excepto quando expressamente solicitado pelo consumidor.

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  5. E então,tal como muitos outros municipios, as Aguas do Planalto instituiram a TAXA DE DISPONIBILIDADE.
    Na semana em que estive em Beijós de férias, dei-me ao trabalho de ligar para lá e pedi um esclarecimento fazendo-me de "lorpa".
    A sra que me atendeu dissse-me ser uma nova taxa instituida pela empresa.
    Quando lhe perguntei qual o nº do Diário da Republica em que a lei de aprovação estava publicada,disse-me para fazer o pedido por escrito à empresa e eles responderiam.
    Que fiz as cartas fiz não sem se as enviaram já que eu gostava de saber a resposta.
    Perguntei o que eram as taxas de saneamento e ela respondeu que eram para cobrir a recolha do lixo bem como a lavagem dos contentores.
    Nota-se que é bem aplicado!!!!!!!!
    Fala-se tanto na ASAE quando é que eles começam a fiscalizar o incomprimento desta lei?
    Não interesa,não è?

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  6. Micas10, a alegoria vascular ajuda a compreender o problema. Se pensarmos no corpo do tuga-tipo, vemos que grande parte dos recursos sanguíneos são afectados à região abdominal, dado que o execesso de peso não é distribuido uniformemente. Entre outros efeitos indesejáveis, há 3 a destacar:

    1. Danos cerebrais - bastas vezes, há falta de oxigénio no cérebro, com períodos de black out e morte precoce de células cerebrais.

    2. Impotência - na hora H, o sangue não chega em quantidade suficiente onde é preciso.

    3. Amputações - o sangue circula nas zonas periféricas a uma velocidade muito mais lenta do que na região abdominal; falta oxigénio em vários tecidos e há refluxo de sangue venoso; o resultado é a amputação de membros inferiores - o abdómen resiste, mas em cadeira de rodas.

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  7. Os papelões cheios a abarrotar.
    A recolha devia ser mais frequente.

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