Museu não gera receitas nem para pagar à guia

«O Tesouro-Museu da Catedral, que vive com permanentes dificuldades financeiras, recebeu mais um “balão de oxigénio” da autarquia. A Câmara Municipal de Viseu comprometeu-se a atribuir este ano, no âmbito de um protocolo celebrado entre as duas partes, uma verba de sete mil euros ao Tesouro-Museu da Catedral, onde se encontra um valioso espólio de arte sacra. Apesar da riqueza do seu património e de ter sido recentemente alvo de obras de beneficiação, o museu não gera receitas suficientes sequer “para pagar à guia que, nas horas vagas, também restaura imagens e limpa pratas”, lamentou o padre José Vieira.“Estes sete mil euros, a pagar em duas vezes, dão-nos pelo menos a certeza de continuarmos abertos por mais algum tempo”, afirmou, contando que o museu vive de “balões de oxigénio” como este. Lembrou que o museu esteve encerrado entre Dezembro de 1995 e Julho de 2002 e que, depois da reabertura, o número de visitantes diminuiu drasticamente, o que explica com a ausência de sete anos. Em 1993, por exemplo, visitaram o museu perto de 20 mil pessoas (16 mil das quais portuguesas), com 12.608 entradas pagas e oito mil estudantes (entradas gratuitas). No ano passado, as entradas pagas ficaram-se pelas 3.427. “A receita bruta gerada foi de pouco mais de oito mil euros, que nem sequer dá para assegurar o vencimento da única funcionária ao serviço do museu”, lamentou. O padre referiu que, antes das obras de beneficiação, o museu estava no mesmo espaço, “mas com um edifício em mau estado”, no qual “as peças estavam expostas sem critério museológico, não tinham iluminação adequada” e a pessoa que atendia os visitantes não tinha formação específica. “Hoje, a parte material está melhorada, a exposição das peças foi orientada por especialistas em museologia de renome internacional, dispõe de outra iluminação”, a guia é “muitíssimo competente e acolhedora”.»

Fonte: As Beiras