Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Margarida Freire, chefe de brigada de sapadores florestais


«Sempre a vi de t’shirt amarela e boné na cabeça, ar decidido, senhora de si e palavra fácil, sobretudo se a conversa inclui temas relacionados com a floresta.

Chefe de brigada, significa, no caso, comandar um grupo homens, que exercem a dura e exigente profissão de sapadores florestais. Não hesita na resposta quando lhe pergunto se prefere dirigir homens ou mulheres: – “Homens, sem dúvida”!
(...)

Discurso directo:
– “Entrei em 2000 para os sapadores da cooperativa de Alvôco das Várzeas com o engenheiro Vasco Campos. Na altura, não sabia muito bem o que era ser sapador florestal, mas como precisava de trabalhar, ofereci-me, fui aceite, e o engenheiro disse-me que se um dos directores da cooperativa não aceitasse ser chefe de equipa, seria eu nomeada, sobretudo pelo facto de ser mulher, o que seria, a seu ver, um bom exemplo a seguir. Fiquei com essa responsabilidade entre Maio de 2000 e Agosto de 2001; depois nasceu a Caule, ainda com o engenheiro Vasco Campos, formou-se o primeiro grupo de sapadores e eu entrei como chefe de equipa, composta por três romenos e um paquistanês. Em 2002 formou-se outra equipa, mais uma em 2003, e a partir daí passei a chefe de brigada. Agora tenho a responsabilidade de comandar trinta homens”!

(...)


“A área de intervenção dos sapadores da Caule, que tem sede em Covas, Tábua, está distribuída pelos concelhos de Oliveira do Hospital Arganil, Carregal do Sal, Tábua, Santa Comba Dão e Penacova. No total temos trinta efectivos, cada equipa tem o seu chefe, e a mim cabe-me dirigir e supervisionar os diferentes grupos”.

(...)

“Tenho dois filhos, um com treze anos e uma com seis, a quem procuro dar o máximo de atenção, mas reconheço que nem sempre isso é possível. No verão, se há um grande incêndio, como aconteceu em 2005, em que durante cinco dias e cinco noites andámos a combatê-lo, então é que tudo se torna mais complicado…”.

(...)
O tempo contado e ocupado por uma profissão que obriga a uma entrega total, preenche-lhe o espírito, que considera solto, livre, de outro modo não se saberia feliz. Reencontra-se com a Natureza a cada hora que passa porque, diz “…esse é o meu mundo, que não troco por nenhum outro”.

-“Não gosto da solidão, estar isolada, prefiro uma vida cheia, com movimento e gente à minha volta. Nunca tive um momento em que tivesse pensado: quero estar sozinha – nunca!»

2 Beijos:

Anónimo disse...

Margarida dou-te os meus parabens pela tua postura no trabalho que cordenas não te conheço pessoalmente mas tenho a horra de conhecer o Eng. Vasco Campos e tive a honrra de conhecer seu Avó o Dr VASCO DE CAMPOS que éra um grande medico para mim era mais santo que medico ( grande medico grande Humanista grande benemerito) o povo da serra do Açor não esquese esse grande medico Para o neto Eng Vasco receba aqui do meu Goulinho um Grande abraço para a Margarida votos de boa saude para poder continuar o teu trabalho como profisional que mostras ser.

Blog VOZ DO GOULINHO
António Assunção

António Abrantes disse...

Nota máxima para esta Chefe de Brigada.

Sei que a CAULE (Associação de Produtores Florestais, com sede no concelho de Tábua) tem feito um excelente trabalho.

A nossa Associação de Produtores Florestais, com sede em Carregal do Sal- APFPB (tel. 232 962 000), tem um trabalho mais modesto mas também importante. Temos, apenas, uma brigada de sapadores que continuam a fazer o seu trabalho de combate e vigilância nos períodos de risco de incêndio e de roça e de limpeza no resto do ano.

Os Sapadores Florestais são apoiados financeira e operacionalmente por um programa governamental da Direcção Geral dos Recursos Florestais, um excelente programa que só precisa é de ser melhorado, nomeadamente no que respeita à destruição e/ou utilização dos resíduos florestais que, até agora, muitas vezes ainda são queimados na própria floresta.
Tem-se falado muito nas centrais de bio-massa a instalar pelo país. Existe mesmo cerca de uma dezena delas prevista. Mas não se vê nada a avançar.
Num momento em que se discute a qualidade dos investimentos públicos, aqui está um sector onde não haveria tantas dúvidas uma vez que limpar a floresta, aproveitar os residuos para a produção de energia ou adubos orgânicos daria emprego a muitas mais pessoas e beneficiaria fortemente o ambiente.
Os governos deviam propor projectos nessa área a universidades e inst. politécnicos para que, em conjunto com as empresas e associações florestais, fossem encontradas, num certo período de tempo (não longo), as melhores soluções do ponto de vista tecnológico, financeiro e de impacto no desenvolvimento local e regional.
Ou será que o investimento público, na área da floresta, também deve ser adiado?

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