Está a ler o arquivo 2005-2009 do Beijós XXI. A partir de 2010, o blogue passou a ser publicado no endereço http://beijozxxi.blogspot.com

sexta-feira, 2 de março de 2007

Com uma mão à frente e... a outra também!

[Este post é uma ficção com conteúdos para adultos; se tens menos de 18 anos, clica aqui]

Era uma vez...
um país chamado Portugal.
Portugal herdou de seu pai, Afonso, elevados níveis de testosterona e eventual excesso de dopamina. Foi um puto traquina e um adolescente aventureiro. Ainda criança, foi apresentado a Inglaterra, de quem se tornou amigo, mas sem vontade de casar. Conheceu também Flandres, mas achava-a desengonçada - na verdade, não se sentia atraído pelas raparigas europeias, muito pálidas e demasiado vestidas para o seu gosto, perdia-se antes pelas mais exóticas, quentes e húmidas...

Índia foi a sua grande paixão, pouco mais que platónica, diga-se. Portugal ainda se lambuzou em novos cheiros e sabores, mas Índia nunca permitiu grandes avanços, a impetuosidade de Portugal não combinava com a sua filosofia tantra. Entretanto, nos intervalos do flirt com Índia, Portugal ia reparando em África, uma jovem com fabulosos atributos naturais, mas sem o encanto inebriante de Índia. Já não era jovem quando se convenceu que Índia nunca iria ser sua. Resolveu que era tempo de assentar - decidiu-se a casar com África. Nem chegou a perguntar a opinião à sua consorte, seguiu o método africano, casa primeiro e pergunta depois, à boa maneira de seu pai (de namoro já ele estava farto com a Índia, além do mais não tinha dinheiro para o dote). Apesar do método, Portugal estava convencido de que esta História tinha chegado ao ponto em que se diz «tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre!».

Mas não foram. O vigor de Portugal já não era o de outrora e ele vivia atormentado com a ideia de não conseguir satisfazer África. Diz-se que o corno é o último a saber, mas Portugal começava a sentir um peso... na consciência. África começava a notar o assédio de outros, mais jovens e poderosos. O amor antigo, Índia, procurava agora denegrir Portugal e incentivava África à separação. Além disso, duas raparigas muito atrevidas, Rússia e Cuba (sobretudo esta, de língua muito afiada), parece que andavam a "fazer a cabeça" a África para por a malas de Portugal à porta. Portugal tinha visões de Nª Srª dizendo-lhe que Rússia estava no mau caminho e haveria de se arrepender. Impotente, Portugal rezava. As brigas do casal eram diárias e começavam a preocupar os vizinhos.

Com peso na consciência, Portugal saíu de casa numa noite de 24 de Abril, foi p'ós copos no Bairro Alto, Chiado, R. do Arsenal, Cais do Sodré... grande piela, vomitou monelhos de cavelo e... sentiu-se como novo! Ainda passou mais uns dias na borracheira e, quando voltou a casa, foi para pedir desculpas a África - ela podia ficar com tudo. Portugal trouxe alguns filhos para morar consigo, mas praticamente apenas com a roupa que tinham no corpo e uns poucos brinquedos na mão. Portugal não se importava, estava feliz e ia p'ós copos todas as noites. Rússia começou a seduzi-lo e até marcaram um encontro num motel, mas, no caminho, Portugal foi apanhado com excesso de álcool, passou a noite na esquadra, levou um raspanete do Juiz FMI e, à saida do Tribunal, já não se lembrava do seu destino.

A ressaca deixou marcas. Portugal foi colocado sob rigorosa dieta e andava muito deprimido. Apresentou-se às velhas Inglaterra e Flandres (às quais se juntou uma diligente viúva rica, Germânia de seu nome), com uma mão à frente (litoral) e outra atrás (interior). Além de pobre, estava doente e elas mandaram-no ao Dr. Delors, que lhe diagnosticou arteriosclerose e hipertensão. Receitou-lhe sildenafil em comprimidos azuis designados ECU. Os efeitos sobre a hipertensão foram nulos, mas produziu-se um efeito secundário de relevo - estava Portugal a fantasiar com uma relação entre a sensual Ota e o fogoso TGV, quando notou que as partes da frente estavam a crescer... embaraçado, Portugal tirou a mão de trás e juntou-a à que já tinha à frente... Oops, pensou Portugal, ai se o Castelhano dá conta!
Castelhano é um vizinho de Portugal - ainda são primos. Castelhano também tinha muita testosterona e, quando era jovem e apanhava Portugal distraído, tentou muitas incursões pelo interior. Portugal sempre se defendeu bem, mas agora, com o interior destapado, teme-se o pior!

Cartoon de Luis Afonso, Sábado Nº148, 1/3/07

9 Beijos:

Anónimo disse...

Fabuloso!!!!
Parabens beijokense, agora percebo o verdadeiro motivo da desertificação no interior :)

A Professorinha disse...

Afinal foi por isso...

É triste ver a triste história do nosso país... e pensar no grande país e/ou potência que poderiamos ser...

Fica bem

Anónimo disse...

QBRAVO!!!
Que sentido de humor tão refinado.

Anónimo disse...

oxalá ganhe algum juízo e que a sorte lhe sorria.

Quem sabe na velhice ganhe alguma calma, se deixe de correrias, que aprenda a desfrutar das oportunidades que lhe aparecem.

Micas10 disse...

A marcha para as cidades e para o litoral, incluindo para as cidades e vilas médias, é um fenómeno em muitos países incluindo na Galiza aqui a norte.

A maioria das actividades económicas beneficiam de um mercado maior e mais concentrado, e quem precisa de terreno pode viver na cidade e deslocar-se de carro para o campo.

Carlos Peixeira Marques disse...

Óptimo, então vamos todos viver para a cidade.

Anónimo disse...

Eu não vou. Prefiro o campo...

beijokense disse...

Ota bolas, a «relação entre a sensual Ota e o fogoso TGV» era uma fantasia tão bonita...

Agora, substituindo Ota por Campo de Tiro de Alcochete e mantendo as incursões do Castelhano, isto fica uma orgia gay.

beijokense disse...

"Brasil namora África" é o destaque do Público, hoje.

Uma relação quente...

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